Com clima família,em karaokê da Vila Carvalho calouro nem precisa subir ao palco
O lugar é um pouco escondido, em uma das ruas estreitas da Vila Carvalho. No endereço, a frente é bem fechada. Na porta de vidro temperado, apenas um adesivo com o nome “Tókio Karaokê” indica que no número 250 da rua Santa Amélia existe uma opção para quem gosta de cantar e se divertir.
O bairro é residencial, mas o som fica lá dentro, para não incomodar os vizinhos. É só passar pela porta para se deparar com um ambiente diferente, de luz baixa, globos com espelhos e mesas pelo salão. Ao fundo, uma prateleira estilo boteco antigo, com um balcão de ponta a ponta, interrompido apenas por uma escada que leva para o segundo o piso superior ocupado pelos donos do lugar como moradia.
Para os clientes, são dois cardápios: um com as porções e opções de bebidas, outro com mais de 9 mil músicas.
O ambiente é familiar. Reúne, como em todo o karaokê, pessoas que têm vocação para uma diversão diferente. O bacana é que até os tímidos têm vez. Não precisa nem subir ao palco para cantar. Da mesa mesmo, sem arredar o pé, é só pegar o microfone e soltar a voz.
Bie Oshiro, de 51 anos, dono do espaço, deixa o lugar ainda mais divertido. O homem tem uma energia de quem faz muitas coisas ao mesmo tempo. Toda a família trabalha no lugar.
Se é a primeira vez que a pessoa aparece, ele faz questão de explicar em ritmo quase eufórico como o sistema funciona na casa. É tudo esquematizado quase que burocraticamente. Quem tenta algum atalho, é advertido.
O cliente tem de anotar em uma etiqueta, disponibilizada nas mesas, o nome do calouro, além dos números da música e da mesa. Depois, leva o papel até Bie que entrega uma senha dessas de agência bancária. A pessoa só poderá pedir outra canção, depois que cantar a solicitada.
O japonês alto, com voz grossa, comanda o Karaokê e deixa claro que ali o importante é se sentir a vontade. Por isso quem é mais acanhado pode cantar sentado. Mas se o caso é escancarar a vontade de virar estrela, o palco está ali, todo iluminado.
“O karaokê é uma invenção japonesa, significa espaço oco, ou seja, a música só com a base e a pessoa canta ali”, explica. “Nossa ideia foi criar um ambiente familiar que as pessoas que gostam de cantar se sentissem bem e pudessem se divertir com a família e os amigos”, explica.
Ali não importa a afinação, se canta bem ou não, se vai cantar um pagodão dos anos noventa, ou um dos lançamentos da música norte americana. Tem até repertório para crianças, pequeno, mas tem. Todo mundo aplaude, respeita a escolha do outro e incentiva para que os mais acanhados cantem.
No sábado passado, por exemplo, enquanto uma mesa abusava do sertanejo, outra investia nos anos 80 e uma meninada mesclava Legião Urbana e Nirvana.
O ambiente é tão acolhedor que foi o escolhido pelo médico Simei Ricardo de Lima, de 48 anos, para comemorar o seu aniversário. Ele levou a família e os amigos e lotou uma mesa no meio do salão. No palco, se divertiu soltando a voz.
“Eu gosto de cantar e aqui o lugar é familiar, é muito legal para trazer os amigos. E quem frequenta é um público diferente, que também gosta de música”, comentao médico, que já é cliente.
A maioria das pessoas descobre o karaokê por amigos e ali tem uma noite longa.
As luminárias no balcão, as mesas, tudo é simples, mas de uma energia muito agradável. A contadora Regina Rodrigues de 55 anos, é cliente de carteirinha do local, toda quinta-feira é presença sagrada.
“Toda quinta-feira eu venho, sou rata de karaokê, eu gosto de tudo aqui. O ambiente é muito agradável e o Bie é tudo de bom, ele faz a gente se sentir a vontade”, comenta.
Nas parede laterias duas TVs exibem as letras das canções para quem quiser acompanhar, quem chega vai escolhendo um lugar e a música para cantar.
Quem chega pode achar a região perigosa, por conta da falta de movimento na rua. Mas há câmera no interior do karaokê que mostra a movimentação na fora e protege em parte os carros contra danos.
A casa abre de quinta-feira a sábado, das 19h30 às 3h. No cardápio não há muitas opções, apenas petiscos como batata frita, porção de pastéis mistos e de filé. Um detalhe que chama atenção e a porção de tofu com gengibre, bem coisa de japonês.