Com novas regras e sem palco, sábado é de superlotação e estreias na Esplanada
A fama do Cordão Valu continua se espalhando e este ano até quem não se atrevia colocar o pé no Carnaval lotou Esplanada Ferroviária. Segundo a Guarda Municipal, esse ano cerca de 40 mil saíram atrás do trio e lotaram as ruas para curtir o Carnaval. Quem apareceu, encontrou um “mar de gente” de todas as idades, com ou sem fantasias, muito brilho e uma turma animada. Além dos veteranos em folia, muita gente foi pela primeira vez conhecer o Cordão.
Sem palco como nos últimos anos, o trio elétrico parece ter dado mais espaço aos foliões. A qualidade da música foi outro ponto elogiado por boa parte do público já que caixas de som foram espalhadas por toda Esplanada possibilitando ouvir as marchinhas de ponta a ponta. Quem comandou o som foi a Charanga do Cordão que não abriu das músicas carnavalescas mais antigas.
A festa iniciou às 14h e pontualmente encerrou às 22h. Bastante simpática, antes de cordão sair, a fundadora do bloco Silvana Valu pediu a todos os foliões uma festa com respeito e ainda puxou um manifesto lembrando de blocos independentes que não conseguiriam viabilizar os seus eventos pela falta de alvará da Prefeitura. Mas ficou satisfeita com a multidão e a paz que reinou durante seis horas de festa. “O Cordão Valu está muito bem organizado, temos uma equipe de segurança privada muito grande, guarda municipal e Polícia Militar. Mas o melhor de tudo é que o nosso povo é tranquilo. Campo Grande está diminuindo o Carnaval por causa da burocratização, mas a gente não pode deixar isso acontecer”.
Apesar da multidão e pouco espaço para caminhar tranquilamente pelos paralelepípedos, as seis horas de festa foram de paz. E o dia foi de estreia para a foliona Ane Margareth, de 50 anos. “Eu nunca tinha vindo no Carnaval, tinha muita vergonha e achava que não dava para vir sozinha”, conta depois de ser arrastada pela amiga Jo Corintiana, de 62 anos, que se vê na folia desde à infância. “Eu amo isso daqui, quando ela me falou que nunca tinha vindo dei um jeito de arrastar, todo mundo precisa viver o Carnaval”.
E viver o Carnaval campo-grandense é também um jeito de aliviar a saudade de casa para o casal Maria Pereira, de 38 anos, e Jedson Cezino, de 35, que há dois meses moram em Campo Grande. Os dois vieram de Pernambuco e estavam emocionados com a Esplanada. “Não gosto nem de falar muito senão eu choro, o Carnaval do nosso Pernambuco é lindo, mas estou adorando o daqui, não sabia que era tão”, diz Jedson.
Acompanhado da esposa, as duas filhas e a cadela Luna, o militar André Castro, de 39 anos, compareceu mais um ano ao Cordão Valu. “Há três anos eu venho e ela sempre acompanhou a gente, solta mesmo, e nunca deu trabalho. Mas ficaremos só até às 19h30 por causa da multidão”.
A família do Rio de Janeiro que não perdeu o sotaque carioca gritava de felicidade com a animação do bloco. Vestidos de palhaço derramaram elogios ao cordão. “Somos cariocas, o Carnaval está no nosso sangue, mas frequentamos o Valu há seis anos e não deixo de achar tudo bom”, conta a engenheira Priscila Lopo, de 28 anos.
O cordão consegue arrastar gente de todas as idades para a folia e isso é o que deixa a professora Luciene Bicudo, de 44 anos, empolgada. “O povo é muito animado como sempre, e ter pessoas importante de todas as idades faz a gente entrar na festa sem se importar com a diferença do outro”.
Como era de se esperar, a políticas também esteve presente nas fantasias. Brincando com as investigações sobre os laranjas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a advogada Emanuelle Ferreira, de 34 anos, apareceu animada. “Quando eu vim fiquei preocupada de alguma coisa acontecer comigo em razão da política, mas vim na paz e só estou exercendo a minha liberdade de expressão. Já passaram apoiando e tem gente que olha estranho, mas estou aqui para me divertir”.
Com início do mês e o pagamento do salário programado só para a próxima semana, muita gente resolveu improvisar na fantasia ou economizar até na bebida. João Vitor Lemos, de 18 anos, investiu R$ 60,00 em um capacete comprado na São Gonçalo para tomar bebida à vontade. “Mas dentro da latinha coloco vodca, rende mais”, diz. As amigas Sttefany Bien e Luiza Borges, ambas de 21 anos, apareceram pintadas de azul. “Era a única coisa que a gente tinha em casa para se fantasiar, então resolvemos vir de Gênio da Lâmpada. Só cortamos um papelão e nos pintamos”, contam.
A cada ano, o Cordão Valu também arrasta dezenas de blocos independentes para as ruas. Quem estreou com o estandarte foi a turma do “Bloco a Casa Caiu” que tem como lema rir de todos os empecilhos da vida. “Todo mundo aqui já teve algum problema em que a casa caiu, mas a nossa ideia é realmente mostrar que a casa cai para todo mundo, mas a gente precisa rir disso e se reerguer”, explica o psicólogo Rafael Barros, de 26 anos.
Quem foi não se arrependeu e quem perdeu a festança pode deitar no travesseiro tranquilo porque a folia continua. Confira a programação do Carnaval:
Domingo – 3 de março
Das 16h às 03h – Desfile dos blocos oficiais da Ablanc (Associação dos Blocos, Bandas, Cordões e Corso Carnavalesco Cultural de Campo Grande) na Avenida Calógeras entre Rua Maracaju e Cândido Mariano
Segunda – 4 de março
Das 14h às 22h – Bloco Capivara Blasé na Esplanada Ferroviária
A partir das 19h – Desfile das escolas de samba na Praça do Papa
Terça – 5 de março
Das 14h às 22h – Cordão Valu na Esplanada Ferroviária
A partir das 19h – Desfile das escolas de samba na Praça do Papa
Confira abaixo algumas fotos do Cordão Valu no Carnaval 2019 de Campo Grande.
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