Dá para achar de ex-jogador de futebol a jaca em feira do Lar do Trabalhador
A feira do Lar do Trabalhador é estreita, com jeito tradicional. Fica em uma rua paralela a dos Narcisos, a principal do bairro. Não é muito grande, nem das mais movimentadas, apesar da sensação ser essa na via apertadinha. Nas terças-feiras, ela faz a alegria dos moradores da região, da avenida com casa antigas e do Residencial Flamingos, para quem comer e comprar. De queijo caipira vendido por ex-jogador de futebol, a jaca na barraca de frutas, o lugar expõe mais histórias que mercadorias.
Uma das mais interessantes é a do ex jogador do Comercial, Tarcirio da Silva Jacob, de 65 anos, mais conhecido pelo apelido de Pelézinho. Na juventude, ele jogou no clube de Campo Grande, depois estudou, se formou em Pedagogia, exerceu um pouco a profissão até conhecer a falecida esposa. Ela era descendente de japoneses e por isso ele foi morar do outro lado do mundo. Lá, ficou por mais de dez anos, trabalhou em fábrica, até aprender o idioma e virar tradutor de português por lá.
Mas o destino reservou uma surpresa, a esposa faleceu e ele foi obrigado a voltar para o Brasil há cinco anos. "Eu não queria, por mim tinha ficado lá, mas perdi a cidadania com a morte da minha esposa", explica.
Natural de Jardim, Tarcirio voltou para cidade natal com mais de 60 anos, não conseguiu emprego na área de atuação e nem como tradutor. Veio para Campo Grande, procurou trabalho por aqui e mesmo com a qualificação não conseguiu. Hoje, vende queijo e ovos caipiras em algumas feiras livres da Capital.
"Não encontrei emprego por aqui, resolvi comprar um ponto na feira para trabalhar e tem sido bom. Mas ainda tenho muita saudade do Japão. Consegui voltar para lá já, visitei os lugares que trabalhei e eles fazem festa quando eu chego", lembra com a nostalgia de quem pretende voltar um dia.
Compras - Andando mais um pouco, uma barraca colorida só com roupas de bebês chama atenção, calcinhas de babado por R$ 5,00, roupinhas sociais e macacãozinhos. Émerson Lino Gomes, de 40 aos, é feirante há mais de 10 anos com esposa e investiu em produtos para a criançada.
Ele veio de Bela Vista e decidiu trabalhar só com roupas infantis. "Amo muito minha profissão e não troco ela por nada. Todo ano eu e a minha esposa vamos passear em Balneário Camboriú, a gente é muito feliz", conta.
Para conquistar os clientes, às vezes é preciso se dedicar a um estilo apenas. Na feira do Lar do Trabalhador, uma barraca também só vende roupas indianas. Vestidos, kaftas e batas fazem sucesso entre as mulheres que gostam do estilo.
Quem cuida do negócio é Laurinda Pietro, de 48 anos ela e a sócia trabalham juntas há três anos e estrearam na feira do bairro na semana passada. "Eu gosto de trabalhar assim, é divertido, você sempre vê gente diferente. tomara que o ponto aqui dê certo", comenta.
Quem gosta de jaca pode comprar uma unidade por R$ 5,00, do feirante Luiz Carlos Cabral, de 45 anos, 20 deles dedicados ao trabalho. Na banca de frutas, a jaca é o que mais atrai o olhar, não só pelo tamanho, mas por ser dificil de encontrar por ai.
A produção vem do próprio quintal de Luiz e as vendas compensam. "Semana passada eu trouxe oito e venderam todas", comemora. Se tem quem compre e boa produção no quintal, porque não vender né?
A Feira no Lar do Trabalhador ocorre sempre às terças, na rua paralela a dos Narcisos, na esquina com a Rua Crisântemos, das 16h às 22h.