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Diversão

De clube a boate, quais "domingueiras" marcaram a adolescência em Campo Grande?

Anny Malagolini | 27/05/2014 06:23
Banda Zutrik, em apresentação no Surian (Foto: Divulgação)
Banda Zutrik, em apresentação no Surian (Foto: Divulgação)

Quando tinha 15 anos, Andréa Lucia, hoje com 44, ia caminhando até a matinê do Circulo Militar, aos domingos. Músicas de bandas do rock nacional, como Rádio Táxi, Ultraje a Rigor e Blitz, animavam a pista de dança. “A gente dançava muito, e não tinha música eletrônica nem sertanejo”, compara. Depois de adulta, ela já voltou ao local, em um baile de flash back, claro. “Gostei, tocam o mesmo que tocavam na época”, comenta. 

Hoje a garotada vai para os shoppings, mas há anos eram as matinês que movimentavam os domingos em Campo Grande. Quem passou pelas famosas “Domingueiras” sempre tem uma história para contar e cada geração elege um lugar como inesquecível na adolescência.

Por aqui, a garotada se reunia nos clubes Surian, União dos Sargentos, Rádio Clube Cidade, Círculo Militar e, a partir dos anos 90 e 2000, surgiram as festas para menores em casas noturnas como Mr. Dan, Limit, Acoustic e Chatanooga.

As matinês mais recentes eram ao som de DJs, mas começaram com banda ao vivo. A atração principal na matinê do Surian, nos anos 70, por exemplo, era a banda de rock “Zutrik”, que tinha o músico “Miguelito” como um dos integrantes.

Aos 59 anos, ele lembra que a banda se apresentou no local por quase dez anos e era o grande sucesso da época na cidade. A curiosidade, segundo Miguelito é que a banda foi proibida de tocar polca paraguaia em suas apresentações no local. “O público se empolgava demais, virava bagunça”, lembra. Pode parecer surreal, mas segundo Miguelito, a empolgação virou até caso de Polícia. “Uns até atiravam pra cima".

O instrutor de autoescola Djalma Fava se lembra também das domingueiras que freqüentou no Surian. Hoje com 60 anos, ele fala de uma inocência que acredita não existir mais. “Não tínhamos maldade, mas todo mundo bebia, mas não era a diversão principal”, diz. Djalma lembra também que o drink da moda era o “Cuba Libre”, feito com gim e Coca-Cola.

Show da banda Eclipse, de 1983, no "União" (Foto: Divulagação
Show da banda Eclipse, de 1983, no "União" (Foto: Divulagação

O endereço onde hoje funciona a Valley Pub, ficou conhecido por anos como o da boate “Chatanooga”, que funcionou no local nos anos 90. Dance era o estilo de música que a casa tocava.

A domingueira por lá acontecia das 18 às 23 horas e a psicóloga Jaudaiba Azin, agora com 38 anos, não perdia uma, porque também não havia muito mais o que fazer pela cidade. “As coisas não eram tão explícitas como hoje, os jovens tem muito acesso, e nós não tínhamos”.

A psicóloga viveu na adolescência uma cena de filme na boate. Ela conta que em uma festa a fantasia, um dos convidados foi vestido com o corpo coberto de carne de animal crua. “A carne apodreceu, chamaram a Polícia, mas a festa continuou”, garante.

Tempos depois, a Mr. Dan passou a ser uma das mais populares. Apesar de ter as noites dedicadas aos maiores de idade, os adolescentes também ganharam um dia especial: o domingo. Durante a semana, a ansiedade era para o encontro com os amigos, na principal badala da cidade. Eram apenas três horas de diversão, das 19 às 23 horas, mas para Fernanda Saldanha, que na época tinha 13 anos, o tempo era suficiente. “A gente dançava muito, com passinhos e coreografias. Era como a Valley Pub é hoje na cidade, a balada top, aonde todo mundo queria ir”, comenta.

Fernanda lembra que a casa tinha sofás e ali era o local para quem queria algo a mais. “Sentou no sofá, então queria dizer que tava de paquera”.
A matinê do clube “União dos Sargentos” ainda acontece aos domingos, mas o rock nacional deu lugar ao sertanejo. Segundo o presidente do local, Hamilton Pinheiro, de 57 anos, nesses dias, eles recebem um público de cerca de mil pessoas.

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