De produto erótico a escorregador gigante, feira no Petrópolis tem de tudo
A rua Caiabis fica ao lado de uma pracinha arborizada e ali a feira do Bairro Petrópolis vira o passeio de quinta-feira, principalmente, para quem mora nos predinhos verdes ao lado. No lugar, dá para encontrar de tudo, pastel, bolo, espetinho, verduras. Mas os produtos de dois feirantes se destacam e chamam atenção. Um escorregador inflável de 7 metros que faz a alegria das crianças e uma barraca de produtos de sex shop, que desperta curiosidade dos adultos.
Emily Mayuko Okumoto, de 26 anos, trabalha há mais de sete anos com produtos eróticos na feira central, o namorado já vendia brinquedos na feira do Petrópolis e há 4 meses ela resolveu montar um ponto por ali também.
A escolha valeu a pena pelo fluxo de pessoas que é grande, mas só pela propaganda. “O pessoal passa, olha, fica curioso, pergunta, pega um cartão, pede para entregar meio escondido os produtos. Mas as pessoas ainda tem receio de comprar na frente dos outros”, comenta.
Apesar das vendas não serem as melhores ali, por enquanto, é uma ótima vitrine para ela. “Tem gente que não gosta, passa e olha meio torto e já até brigaram comigo, mesmo eu colocando só gel, sais de banho e cremes à mostra”, relata. Para ela, o sexo ainda é tradado como tabu, mas Emily conquista as clientes com o cuidado que apresenta os produtos, diante de muitos encabulados.
Do outro lado da rua, seu Altamir Amorim, de 43 anos faz a alegria das crianças, apaixonado pelo trabalho, tem paciência com os pequenos e cuida de três brinquedos. Uma cama elástica e os campeões na preferencia da gurizada, os escorregadores infláveis. Um de sete metros para as crianças maiores e um de cinco para as menores.
São R$ 3,00 para brincar sete minutos. “Quem lida com criança tem que gostar e eu amo o que eu faço. E a feira aqui é bem receptiva, é um espelho para eu alugar os meus brinquedos em festa”, comenta.
Maria Elsa Silveira, de 29 anos, vai do Indubrasil até a feira para a alegria do filho Allan Cristrian, de 5 anos, que adora brincar. “É muito legal e o nosso momento de lazer. A gente vem, lancha e brinca”, detalha.
Quem frequenta a feira há muitos anos lembra que faz apenas dois que ela mudou de rua, antes ela ficava duas quadras para trás, entre os prédios. As opiniões se dividem, a maioria dos feirantes prefere o novo lugar, mas os moradores mais antigos sentem saudade de como era antes, como a senhora Clarisse Lenharo Barbosa de 70, que mora há 12 anos ali. “Antes era melhor. Aqui quando chove alaga e nem dá para vir”, reclama.
A filha dela, Lucimara Lenharo, de 46 anos, e o esposo, Olívio Vitar Barbosa, de 73, concordam que preferiam a feira na antiga rua, mas aprovam os feirantes que tem ali. “É bom, se você precisar de alguma coisa dá para encontrar aqui. A gente vem toda quinta-feira”, comenta a filha.
Entre as comidas, a barraca de pamonha da senhora Nilza Dutra, de 62 anos, faz sucesso. Ela trabalha com produtos derivados do milho há mais de 15 anos e comenta que o segredo é ser honesto com o cliente. “A gente trabalha com carinho e amor no que a gente faz. E não engana o cliente enchendo de fubá o bolo e a pamonha”, afirma.
Nilza conta que tem cliente que sempre passa para comprar a pamonha para levar para outros lugares. “Tem gente que passa antes de viajar e leva a pamonha pra São Paulo, Rio de Janeiro, Aparecida”, relata. Além da pamonha, ela também trabalha com suco de milho, tudo fresquinho e do dia.
A feira do bairro Petrópolis reúne gente apaixonada pelo que faz. Dá para perceber nos sorrisos dos vendedores o prazer de se trabalhar ali e esse deve ser o motivo da feira ser um local de passeio tão agradável. “Eu sempre gostei de trabalhar com vendas e em feiras. Adoro poder tratar bem as pessoas e receber com um sorriso de volta”, assim, Adenilson Benites, de 35 anos, resume a profissão que exerce vendendo hortaliças.
A feira no Jardim Petrópolis ocorre toda quinta, das 16h às 22h, na rua Caiabis, entre Murilo Rolim Junior e Rua Guaranis.