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Diversão

De volta à cidade, Gabriel Sater experimenta o assédio depois de "Viramundo"

Paula Maciulevicius | 21/08/2014 06:19
A barba e os cabelos no ombro é o que ficou da novela no físico, além dos 10 quilos perdidos para a atuação. (Foto: Marcos Ermínio)
A barba e os cabelos no ombro é o que ficou da novela no físico, além dos 10 quilos perdidos para a atuação. (Foto: Marcos Ermínio)

Já são 14 anos de carreira dedicados à composições no violão, três CD's e um sobrenome de peso, Mas só depois de dar vida ao personagem "Viramundo" que Gabriel Sater ganhou assédio das fãs, reconhecimento nas ruas e o status de galã. Paulista de nascimento e sul-mato-grossense de berço, ele faz jus ao título. A barba e os cabelos no ombro é o que ficou da novela no físico, além dos 10 quilos perdidos para a atuação. Nesta semana, Gabriel está em Campo Grande, a primeira vinda desde o término de "Meu Pedacinho de Chão".

"Eu nunca pensei em ser galã, penso em ser o melhor possível. Mas eu acho bacana, 90% dos fãs que acessam minha página são mulheres, agradeço o carinho, mas nunca fui galã, eu sempre fui gordinho", brinca. O tempo de carreira na música, de uma década, até fica perdido no contexto de agora. Aqui e acolá ele sempre foi conhecido mais por ser filho de Almir e seguir os passos do pai também nas cordas do violão do que por si só, mas hoje a história é outra.

"São 14 anos de carreira e depois da novela que eu comecei a ser abordado no aeroporto. E era um papel pequeno, eu até fugi, fiquei três semanas sem gravar e as pessoas perguntavam se eu não ia voltar", descreve.

Acostumado com os palcos, ele se descobriu ator no cenário lúdico da novela de Benedito Rui Barbosa, mesmo autor que lançou o pai, Almir Sater, na dramaturgia também aos 32 anos. De novembro a julho ele se dividiu entre Rio e São Paulo, falas e cifras. Ao mesmo tempo em que gravava os capítulos, finalizava o disco "Indomável", o terceiro da carreira e que será lançado aqui, dia 19 de setembro.

Depois de interpretar "Viramundo", Gabriel Sater conta que tudo mudou. (Foto: Gshow)
Depois de interpretar "Viramundo", Gabriel Sater conta que tudo mudou. (Foto: Gshow)

"Tudo mudou. Primeiramente o carinho das pessoas aumentou muito, o número de fãs nas redes sociais, as mensagens, muita gente expressando o carinho pelo papel e também pela novela diferenciada", conta.

A indicação para viver Viramundo veio de um ator campo-grandense, foi Nando Rodrigues que interpretou Virgílio na novela "Em Família", que falou de Gabriel Sater à produção. "Eles precisavam de um violeiro, tinha que ser músico para tocar de verdade, ele falou do meu nome, entraram em contato comigo e eu fui conversar com o Luís Fernando Carvalho no dia do aniversário do meu pai", descreve. E foi assim mesmo, no dia 14 de novembro do ano passado, Gabriel conheceu Luís Fernando, diretor da novela.

Na atuação da trama que despertou tanto amor e carinho pela doçura dos personagens, figurinos e pela história que se passava na Vila das Antas, Gabriel se viu no desafio de aprender a atuar e também tocar viola. Quando se pergunta o que foi mais difícil, ele responde: os dois.

"Atuar, porque eu nunca tinha feito e também o conjunto de necessidades para o papel, que incluiu perder peso e reaprender todas as músicas na viola. Tudo isso junto com a gravação do disco, mas foi muito legal. Senti como um presente, o Benedito lançou meu pai e me lançou, na mesma idade". O agradecimento a Benedito Rui Barbosa ela faz questão de frisar, ainda mais por nunca ter imaginado que poderia estrelar num elenco tão enxuto. A produção da novela contou com 26 personagens, entre eles Antônio Fagundes, um dos grandes atores que intimidavam o rapaz.

"Eu não dormi, eu praticamente não dormi. Eu já tinha estudado as falas, mas ficava pensando, deitava e não conseguia", narra. Esta foi a noite que antecedeu a primeira cena gravada ao lado de Fagundes.

Quando criança, Gabriel quis ser filho de Almir Sater também na novela. "Eu adorava, fui criado em set de filmagem, isso me despertou a vontade de brincar, de não ser Gabriel. É muito bom, viciante", confessa. Mas enquanto esteve na telinha, ele abriu mão de show, o que agora precisa voltar a ser prioridade. "A música é meu carro chefe, passei 9 meses fora e ela é muito ciumenta. O violão está com saudades", brinca.

O CD "Indomável", com 13 faixas, será lançado dia 19, aqui.  (Foto: Marcos Ermínio)
O CD "Indomável", com 13 faixas, será lançado dia 19, aqui. (Foto: Marcos Ermínio)

Por falar em ciúmes, o galã é casado e está junto da esposa, artista plástica e hoje sua produtora, Paula Cunha, há oito anos. Entre os amigos que fez na novela, boa parte deles deve vir em breve para Mato Grosso do Sul. "Eu virei agente de viagens, falo tanto de Bonito, do Pantanal, estou organizando para eles virem para a fazenda", fala sobre uma excursão 'global' ao Estado.

A novela acabou e deixou no músico e agora, a saudade. "O elenco se torna uma família, me senti órfão, é uma felicidade fazer a novela, mas uma tristeza porque você não vê mais". O momento agora é de focar na carreira musical, aproveitando a fama que o personagem o trouxe para cumprir a agenda de shows com o disco "Indomável".

O CD com 13 faixas e participações de Almir Sater, Luiz Carlos Sá e Fernando Anitelli, do Tetro Mágico, entre outros, levou quatro anos para ficar pronto. O tempo reflete duas coisas: o trabalho classificado por Sater como "artesanal" e também a dificuldade dentro do mercado.

"As gravadoras não vendem como antigamente, a gente conseguiu através do projeto do Governo do Estado de captação com apoio da Souza Cruz, Candura e Compensados Drapeck". Ele faz questão de sinalizar os patrocinadores que tanto ajudaram. Há mais de 5 anos Gabriel Sater não tocava em eventos abertos em Mato Grosso do Sul, agora lança o CD "Indomável" no dia 19 de setembro, no Palácio Popular da Cultura.

A resposta para esta ausência é a falta de convite aliada a falta de vários pontos tão discutidos na cultura local. "Falta de valorização cultural do Estado. Se paga cachês milionários para fora do Estado, mas não cria uma veia artística da cultura do seu povo. E não é o público, são as pessoas que estão por trás", alega.

A questão é tão ampla e engloba tanta gente, mas ainda assim merece destaque, porque se até Gabriel Sater não teve apoio aqui. A mudança para o Estado de São Paulo foi justamente por isso. "Eu não conseguia viver de música aqui. Não tem mercado que se auto-sustente".

Apesar do disco trazer grandes participações, Gabriel entra sozinho aqui, a apresentação não contará com Almir, o pai já tem show confirmado na mesma data.

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