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Diversão

Em Dourados, banda de “rock pauleira” usa humor e ressalta esteriótipos de MS

Elverson Cardozo | 23/08/2014 07:23
Banda foi formada entre 2006 e 2007, mas ainda não é conhecida do grande público. (Foto: Kojiroh)
Banda foi formada entre 2006 e 2007, mas ainda não é conhecida do grande público. (Foto: Kojiroh)

Criada em Dourados, a banda Xupakabras, de hardcore punk, ou “rock pesado”, como o estilo é popularmente conhecido, usa o bom humor para ressaltar os esteriótipos de Mato Grosso do Sul, aqueles evidenciados por quem, geralmente, vem de fora.

Onça pintada, calça apertada, bota lustrada, arma com bala, faca afiada, soja plantada e viola afinada são alguns dos detalhes conhecidos - e inegáveis - que se sobressaem nas músicas do grupo.

Esta em especial, batizada de “Dourados Redneck Lifestyle”, rendeu um webclipe de caraterísticas bem amadoras, mas que tira alguns sorrisos. Era essa a proposta. O vídeo, de 1 minuto e 25 segundos, foi publicado no Youtube há pouco mais de um mês, no dia 31 de julho deste ano, e tem, até agora, mais de 3,4 mil visualizações.

O material tem descrição sarcástica: “Vídeo institucional de fomento ao turismo no município de Dourados-MS”, diz o texto de apresentação, que descreve a cidade, no âmbito musical, como “um pólo do sertanejo universitário”, berço de várias duplas de sucesso que estouraram no Brasil.

À frente do projeto estão dois dois Sul-Mato-Grossenses, douradenses de nascimento: o mestrando de relações internacionais Arthur Banzatto, de 23 anos, baixista do grupo, e o funcionário público Felipe Duarte, vocalista.

Completam a banda um paraense, o estudante de relações internacionais Victor Dejard, de 25 anos, no função de guitarrista, e o acadêmico de administração Pablo Tedeschi, de 18 anos, gaúcho radicado em Mato Grosso do Sul. Ele assume a bateria.

Embora tenham nascidos em MS, os dois, Victor e Paulo, moram no Estado há muito tempo. Foram criados na cidade e, por isso, podem falar dela – e da cultura local - com conhecimento de causa.

Grupo preza pelo rock pesado. (Foto: Kojiroh)
Grupo preza pelo rock pesado. (Foto: Kojiroh)

Paulo é membro da Xupakabras há menos de um ano, mas os outros três estão juntos desde a primeira formação, que aconteceu entre 2006 e 2007.

“A gente já tocava bastante em Dourados e Campo Grande, com outra banda nossa, a Rocket 72, mas era outro tipo de som. Tinha uma base hardcore, só que mais pop e melosa. Acontece que sempre gostamos de sons diferentes e um dia o Felipe chegou com algumas músicas. A gente gostou, mas elas não se encaixavam na banda, então montamos um projeto paralelo”, conta Arthur, o porta-voz do do grupo.

O projeto paralelo foi a Xupakabras. O nome foi inspirado no Chupa-cabra, criatura que, supostamente, teria sido responsável por ataques a animais rurais e que assustou muita gente na década passada.

A grafia diferente foi para evitar problemas de patente. A inspiração veio, também, da época em que o trio mantinha um time amador de futebol, o Chupa-cabra, que garantia a diversão nos campeonatos escolares.

A lembrança é tanta que a primeira e a última faixa do único CD lançado, em março deste ano, foram reservadas aos bons momentos vividos no passado. “Copa y Pelea” abre o disco e dá nome ao trabalho, enquanto "Gol de Ouro" garante o encerramento.

O CD tem, ao todo, 16 faixas autorais. Algumas fazem referência ao Estado, como “Garota Sertaneja”, “Dourados Redneck Lifestyle” e “Tereré não é Chimarrão”, enquanto outras tratam de assuntos pontuais. Algumas tem letras “pesadas”, palavrões, mas isso não resume o trabalho da Xupakabras, que se inspira na "Merda", banda do Espírito Santo.

Da esquerda para direita: Victor (guitarra), Pablo (bateria), Arthur (baixo) e Felipe (vocal).  (Foto: Ricardo Zanella)
Da esquerda para direita: Victor (guitarra), Pablo (bateria), Arthur (baixo) e Felipe (vocal). (Foto: Ricardo Zanella)

Arthur conta que o grupo já tentou patrocínio do poder público, por meio de projetos, mas até agora, das duas tentativas, nenhuma foi aprovada.

“Tentamos financiar a prensagem do CD, porque só lançamos o virtual, mas o projeto foi rejeitado. O argumento é de que a banda tem agressividade desregrada e letras irrelevantes. Não acho que nosso trabalho seja excelente, mas achei um ambiente fechado e limitado para outros estilos. Geralmente o pessoal ganha com o sertanejo”, comenta.

Apesar dos quase 8 anos de estrada, a Xupakabras ainda não tem a visibilidade que os músicos esperam, mas o trabalho, quando chega ao conhecimento de alguém, provoca, pelo menos, reflexão.

“Nós não queremos, de forma alguma, criticar a cultura da nossa cidade, mas brincar e evidenciar os esteriótipos já conhecidos por quem vem de fora”, afirma o baixista. Quer saber mais? Acesse a Fan Page da banda ou ouça as músicas do primeiro CD no site oficial. Assista, abaixo, o webclipe “Dourados Redneck Lifestyle”.

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