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Diversão

Enredo sobre volta de Jesus não espanta foliões de ver bateria da Mangueira

Campo-grandenses participaram do evento com a bateria da Mangueira do Rio de Janeiro e aprovaram enredo da escola de samba

Alana Portela | 27/01/2020 08:19
Enquanto a bateria da Mangueira se apresentava, os participantes do evento aproveitaram para dançar (Foto: Alana Portela)
Enquanto a bateria da Mangueira se apresentava, os participantes do evento aproveitaram para dançar (Foto: Alana Portela)

Nem mesmo a polêmica em torno do samba enredo da escola de samba da Mangueira, do Rio de Janeiro, fez folião campo-grandense deixar de sambar. Durante a feijoada com a apresentação da bateria, que veio do Rio para animar o Carnaval na Capital, os convidados mostraram que não se incomodam quando Jesus aparece no meio da conversa. O evento ocorreu nesse domingo, no Clube Estoril. 

A escola vai levar para a Sapucaí o samba “A Verdade Vos Fará Livre”, trazendo não a história do Jesus bíblico, mas um convite à reflexão sobre como seria a volta do Cristo hoje, em um contexto de tanta intolerância, preconceito, violência e perseguição. (Veja ao final da matéria o vídeo do samba-enredo completo). 

“Temos que fortalecer o que representa Jesus na nossa vida. Ele também é alegria e acho isso importante. Não temos que ficar preocupados com o que estão falando, mas sim com a alegria que Jesus sempre pregou”, destaca Vera Matos.

Aos 59 anos, ela trabalha como enfermeira na Capital e conta que adora época de Carnaval. “Adoro por conta da interação, da popularidade e do samba que vem para agregar pessoas. É a primeira vez que vejo ao vivo a bateria da Mangueira e sinto um clima muito bom e divertido”, diz Vera.

Vera Matos foi ao evento da feijoada com samba e levou o filho junto (Foto: Alana Portela)
Vera Matos foi ao evento da feijoada com samba e levou o filho junto (Foto: Alana Portela)
Marlene Gregório dos Santos diz que é amante do samba (Foto: Alana Portela)
Marlene Gregório dos Santos diz que é amante do samba (Foto: Alana Portela)
Os convidados lotaram o Clube Estoril ontem (Foto: Alana Portela)
Os convidados lotaram o Clube Estoril ontem (Foto: Alana Portela)

Assim como ela, Rita Helena Tavares também foi ao evento para prestigiar o samba feito com paixão. Ela é corumbaense, amante do samba desde sempre e relata que adora sambar. “Representa a união, alegria e felicidade. É o momento que todos se reencontram e se organizam para festejar”.

Rita Helena mora em Campo Grande, onde o Carnaval existe apenas numa época do ano. “Aqui é diferente de Corumbá, onde o Carnaval é o ano todo. Mas ver o pessoal da Mangueira na cidade mostra que a folia também existe na Capital. Sobre o enredo, penso que religião não se discute, mas o respeito é a base de tudo”.

Wlauer Castro Carvalho organizou a feijoada com a madrinha da Vila Carvalho da Capital. Foram quase dois mil ingressos vendidos para os moradores que foram conferir de perto a energia da bateria da escola de samba. Ninguém conseguiu ficar parado e o samba estava no pé de todos.

“É a primeira vez que conseguimos trazer a Mangueira para Capital. É nossa madrinha e estamos nos preparando para isso há um tempo, sempre tivemos esse sonho de trazê-los para cá e isso representa muita coisa pra gente. É para o campo-grandense sentir mais vontade do Carnaval, ver que também temos escolas na cidade”, fala Wlauer.

Zé da Vila mostrou que a bateria da Mangueira sabe fazer um esquenta de Carnaval (Foto: Alana Portela)
Zé da Vila mostrou que a bateria da Mangueira sabe fazer um esquenta de Carnaval (Foto: Alana Portela)

Ele é músico, entende quando o assunto é enredo, já que nesse ano o tema da escola Vila Carvalho é consciência negra e diz que cada escola escolhe o que deseja representar. “Não entro nesse fato de Jesus ou não. Cada carnavalesco tem uma cabeça, quando a gente monta um enredo muita gente fica opinando, mas tem que ver o que vai colocar na avenida”, declara.

Quem também não esconde o gosto pelo samba é Marlene Gregório dos Santos. Aos 50 anos, ela comenta que o Carnaval é momento de união. “É algo maravilhoso, não tem como não cair no samba. Todos os anos vou à avenida ver o pessoal desfilar. Vejo que a vinda da Mangueira fortalece o cenário cultural da cidade”.

Outro que também gosta da folia é Jociney Magalhães. Ele é engenheiro, filho de corumbaenses, mas mora na Capital desde menino. Por aqui, até participou do bloco “Mil por Hora”, criado na década de 80. “Era para dar uma força às festas carnavalescas. Participo de todos os eventos de samba para incentivar o Carnaval por aqui”.

Como é fã da escola de samba Mangueira, ele comenta que sabe do enredo sobre a volta de Jesus, porém não se compromete a falar sobre o assunto. “Envolve ideologia. Não sou contra o tema, desde que seja tratado com respeito, pois o Carnaval existia até na época de Jesus e não tinha essas polêmicas como agora”.

Abaixo, o vídeo do samba-enredo, assinado pelos compositores: Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo e Marquinha Art Samba como intérprete. 

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