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Diversão

Feira da Vila Carlota tem vendedor que atrai cliente distraído com rock

Aline Araújo | 17/09/2014 06:51
Rua estreita e caminhar tranquilo na feira da Vila Carlota. (Foto: Marcelo Victor)
Rua estreita e caminhar tranquilo na feira da Vila Carlota. (Foto: Marcelo Victor)

Tranquila, familiar e famosa. A feira da Vila Carlota, na rua Dracma é mais conhecida como a "Feira da Spipe Calarge", pela proximidade com a via mais conhecida da região. Muita gente vem de outros bairros nas noites de quarta-feira para comprar ou comer um churrasquinho. Mas os atrativos vão bem além disso. Tem vendedor de verdura que chama o cliente cantando rock, conserto de panelas em uma Kombi e barraca de feirante com mais de 20 anos por ali.

As pessoas andam sem presa na rua estreita, como toda feira livre deveria ser. Uma das paradas do Lado B é na Kombi branca ano 86, onde o senhor Antônio Alves, ou Toninho, como é conhecido, atende com muita simpatia. Aos 77 anos, ele faz reparos em panelas no veículo adaptado para funcionar como oficina.

Ele trabalhou com construção civil até os 59 anos, saiu da empresa e não poderia ficar parado. “Primeiro eu vendia panelas de alumínio e muita gente perguntada se eu não consertava. Ai resolvi começar a consertar, eu não sabia, aprendi fazendo. Os primeiros clientes não devem ter gostado muito do resultado. Mas hoje eu sou bom”, garante.

Kombi que serve de oficina para conserto de panelas. (Foto: Marcelo Victor)
Kombi que serve de oficina para conserto de panelas. (Foto: Marcelo Victor)

Até 2005, montava uma barraquinha para arrumar as panelas, mas com o veiculo tudo mudou. “Comprar essa Kombi foi a melhor coisa que eu fiz. Mandei cortar e arrumar e agora é tudo bem mais fácil”, explica. O gosto pela vida de feirante e de ser dono do próprio negócio conquistou seu Antônio. “Hoje eu trabalho três dias na semana sem esquentar”, diz.

Ele conserta as peças na hora, os “vizinhos” deixam elas ali e vão dar uma volta na feira enquanto o serviço é feito. Durante o passeio, dá para encontrar muita coisa gostosa.

Uma das barracas mais famosas é a do descendente de japoneses, Ricardo Kayano, de 43 anos. Ele vende comidas tradicionais de feira: pastel, coxinha, sobá.

A experiência faz a fama. Trabalhando no local há mais de 25 anos, o feirante cresceu vendo os pais no mesmo ramo e seguir o negócio da família foi natural. Bem humorado e sorridente, só é difícil fazer Ricardo parar um pouco para conversar. Sua barraca está sempre lotada e os clientes só tem elogios.

Cledson atrai clientes com o bom humor. (Foto: Marcelo Victor)
Cledson atrai clientes com o bom humor. (Foto: Marcelo Victor)

O policial Reinaldo Rocha, de 57 anos, sai com a esposa Ester Neves, de 29 anos, e a filha Luiza, de 6, do bairro Jóquei Clube só para comer na barraca de Ricardo. “Onde ele vai eu vou”, comenta. “Aqui é muito bom, a Luiza brinca no pula pula enquanto a gente come alguma coisa. É um lugar muito bom para vir e sair um pouco de casa”, avalia.

Pessoas como Cledson Machado, de 39 anos, é que transformam o ambiente da feira em um lugar diferente. O feirante tem uma barraca de frutas e verduras, acorda quase todos os dias às 4h30 da manhã para buscar a mercadoria na Ceasa e ainda tem pique para cantar durante a noite como forma de chamar os clientes.

Ao som da banda Biquíni Cavadão, “Zé Ninguém”, ele brinca com quem passa por ali, chama para conhecer e concorda que o bom humor é um dos segredos para se viver bem.

“Feirante tem que ser um pouquinho de cada coisa, tem que saber chamar atenção, saber conversar e prestar atenção no seu cliente. Às vezes, a pessoa passa por aqui, ela até quer comprar alguma fruta, mas tá distraído. Se a gente chama atenção, ela desperta e compra”, detalha.

Ele conta que a rotina de quem escolheu trabalhar na feira não é fácil, mas quando se aprende a controlar o tempo no trabalho, tudo melhora. “Quem faz o nosso horário é a gente. Se deixar, você vira escravo do trabalho. Eu já aprendi isso, agora não trabalho todo sábado e reservo tempo para minha família”.

Marta montou empresa de pamonha . (Foto: Marcelo Victor)
Marta montou empresa de pamonha . (Foto: Marcelo Victor)
João trabalha na feira desde os 12 anos. . (Foto: Marcelo Victor)
João trabalha na feira desde os 12 anos. . (Foto: Marcelo Victor)

Para quem gosta de doce de coco, o cheiro que vem do tacho de João César Malaquias, de 42 anos, convida. Ele faz “coquinho”, aquele doce fresco caramelizado na hora. Com uma barraca especializada em doces de coco e amendoim, ele trabalha desde os 12 anos. "Minha mãe me criou sendo feirante e eu não sei fazer outra coisa. E eu gosto da minha profissão, acho lindo o que eu faço, algo que alegra as pessoas”, afirma orgulhoso.

Outros sonhos profissionais também despertaram naquela feira. A dona de casa,há dois anos também empresária, Marta Araújo, de 40 anos, com as filhas crescidas decidiu que era hora de fazer algo que ela se realizasse. Assim, abriu a Pamonha Goyana, que tem marca e tudo. Começou a vender produtos derivados do milho como pamonha, canjica e curau pelas feiras da cidade. Marta se realizou em seu novo negócio e suas pamonhas fazem sucesso na feira, é dificil ela voltar com alguma para casa.

Família vem do Joquey Club para curtir a feira. . (Foto: Marcelo Victor)
Família vem do Joquey Club para curtir a feira. . (Foto: Marcelo Victor)
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