Graças a 36 caronas, amigos viajam por 4 estados e voltam cheios de histórias
Uma simples postagem no Twitter fez Vanessa encarar uma jornada ao lado do amigo e juntos gastaram um total de R$ 850,00.
Eles viajaram por 17 dias, percorreram mais de 6 mil quilômetros e conheceram quatro estados do País. Tudo de carona e gastando o total de R$ 850,00. Cheios de coragem, os amigos Victor Pereira do Prado e Vanessa Naves de Sousa, de 19 e 21 anos, realizaram um sonho e voltaram cheios de histórias para contar.
A aventura iniciou quando Victor publicou no Twitter o desejo de encontrar uma parceria para fazer um mochilão pelo Brasil. Três dias após a postagem, Vanessa respondeu topando a viagem. Mas Victor não conhecia nada fora do Mato Grosso do Sul, então sentou à mesa junto com a amiga para traçar um roteiro com estados onde haviam amigos em comum. “Tínhamos lugar para ficar em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Resolvemos planejar os lugares que iriamos passar e onde ficaríamos hospedados”, explica Vanessa.
Viagem econômica - Eles abandonaram o conforto e decidiram gastar pouco. De Campo Grande foram para São Paulo e Rio de Janeiro, passaram por Espírito Santo e também conheceram a Bahia.
A bagagem pesava pouco. Cada um carregou uma mochila com poucas roupas, alguns alimentos leves e água, muita água. À noite, enquanto não chegavam na casa dos amigos, eles quase sempre dormiam nos aeroportos. “Dormir no aeroporto ajuda a economizar dinheiro e tem várias pessoas esperando para embarcar, além de acordar e já ter lugar para tomar um café da manhã”, explica Victor.
No quesito alimentação, a dupla investiu em um café reforçado para dar conta de horas de espera por uma carona na estrada. “O café é muito importante, já o restante do dia nos hidratamos com água e bolachas. Não parávamos para almoçar porque iriamos perder muito tempo”.
Nesse esquema, sem gastar com hospedagem e passagens, cada um se manteve com cerca de R$ 25,00 por dia.
“Vivemos uma experiência de humanidade e nunca mais vamos deixar alguém falar mal de um caminhoneiro”
Os amigos contam que não enfrentaram violência nem problemas graves durante a viagem. “O único problema é o sol, então é preciso nunca esquecer o protetor solar. Também sugerimos não ficar contando as horas, isso alivia a ansiedade na espera”, explica Vanessa.
Foi na estrada, à espera de carona, que conheceram pessoas boas. “Na preparação levantamos uma meta de quanto tempo de viagem gastaríamos e tudo isso foi cumprido com excelência, mas graças as pessoas boas que encontramos pelo caminho. De Campo Grande à São Paulo foram 11 caronas, cuja maioria foi de carro, de pessoas que pararam e nos ajudaram”.
A dupla ficava em média 35 minutos esperando por uma carona, apenas no Espírito Santo eles chegaram a ficar 4 horas acenando na estrada. Para conquistar motoristas e ganhar a confiança, eles usaram da alegria. “É preciso estar com sorriso no rosto, em um local que não seja descida e que haja acostamento. Outra dica é sair da cidade, as pessoas evitam dar carona dentro da cidade. Por isso, é preciso ter empatia e estar aberto a ouvir o outro”.
Entre as histórias que mais marcaram os amigos estão dentro dos caminhões. “Escutamos diversos pontos de vista, falamos sobre a vida dos caminhoneiros, os desafios da estrada e até sobre política. É importante estar aberto ao que o caminhoneiro quer falar. Se você não concorda com o assunto fica quieto ou muda de assunto. O Victor saía de uma conversa com a maior delicadeza”.
Também não faltou diversão e realização de sonhos. Coincidentemente a dupla chegou em São Paulo no dia do aniversário da metrópole e puderam aproveitar todas as atrações gratuitas. “Ou seja, todos os museus estavam de graça para entrar. Pudemos ir ao MASP, Memorial da Resistência, Museu Afro Brasil e Pinacoteca, além de passear pela Avenida Paulista, Ibirapuera e Rua Augusta”.
Dentro das cidades, para economizar, nada de aplicativo ou taxi, a dupla investiu mesmo no transporte coletivo como ônibus e metrô.
Mas a maior emoção foi no Rio de Janeiro, no qual Victor realizou o sonho de ver o mar pela primeira vez. “Fiquei muito ansioso, como era um sonho muito grande eu fiquei emocionado. Depois fomos para a Lapa, conhecemos a Escadaria Selarón, Pedra do Sal e outros lugares gratuitos do Rio de Janeiro, demos prioridade para os museus”, diz Victor, lembrando que em Salvador ainda puderam curtir a festa de Iemanjá. “Tivemos a sorte de participar dessas festas e isso ajudou muito no financeiro”.
Agora, eles já estão em Campo Grande, mas o projeto segue com outros amigos. “Postamos todos os nossos stories em destaque no Instagram. E algumas pessoas mandam mensagens dizendo que vão tentar fazer a viagem e isso nos incentiva muito mais”, diz Vanessa.
“Viajar de carona também nos fez voltar com fé nas pessoas. Existem pessoas boas e solidárias e isso faz a gente acreditar ainda mais no ser humano”, acrescenta Victor.