Karaokê de boate LGBT tem música pop e quem manda bem leva R$ 100 para casa

Toda quinta-feira, depois das 20h, o som que vem da porta de uma boate LGBT no Chácara Cachoeira não é da música eletrônica, funk ou aquele famoso ritmo acelerado do bate cabelo. Até a madrugada o que rola mesmo é o karaokê, que além de música pop, tem de público que arrasa no inglês até gente sem a menor vocação musical.

Com pouca opção de karaokê na cidade, a noite de quinta-feira na Pink Lemonade Music Bar virou um prato cheio para quem gosta de cantar e se divertir. Lá dentro, a casa mantém o esquema de iluminação baixa, típica de boate, que quase não deixa ver o rosto de alguém, o que é bacana para os mais tímidos.

Para os clientes, só algumas mesas pelo salão e nada de cardápios. Ou seja, ninguém perde tempo olhando música por música e anotando o número em papelzinho para poder cantar. Ali o uso da tecnologia é indispensável. O dono da casa coloca o vídeo com letra e melodia original no Youtube. Parece até que você canta com uma banda completa atrás. E há dois microfones, o que garante aquela performance em dupla.

Mas sem arredar o pé da mesa, ninguém canta. Quando a drag queen anuncia o nome do próximo cliente a cantar, é preciso tomar coragem e subir no palco. Ali, você ouve de tudo.

Na primeira hora desta quinta-feira (16) o público viajou no tempo. Teve de Anitta a Elis Regina. Mas é de se constatar que a música pop reina, prova quem cantou Selena Gomez e Lorde, por exemplo, com inglês impecável. Mas há quem não esqueça de Legião Urbana, Marisa Monte e Caetano Veloso. E quem acha que vai fugir do sertanejo se engana, em alguns minutos tem alguém aos berros cantando Marília Mendonça e “Não finja que eu não tô falando com você...”.

Depois de cantar não há marcador que indique a nota, e o público parece nem se importar. Além da diversão, o que bomba mesmo na noite é a competição que ocorre depois das 22h.

Quem manda bem na cantoria e conquista o maior número de aplausos ganha R$ 100,00 em dinheiro. O segundo lugar garante R$ 100,00 em consumação na casa e o terceiro fica com um baldinho cheio de cervejas long neck. Por isso, a própria casa sugere levar a torcida.

O primeiro espetáculo, depois da apresentação da drag queen Miss Violência, foi do arquiteto Marco Filho, de 26 anos, que ao pegar o microfone na mão soltou a voz cantando “Green Light” da cantora Lorde.

Toda semana, ele sai de casa para cantar no karaokê da boate. Apesar de já ter ido em outros endereços, ele se diz feliz com o ambiente de balada. “Tem acústica e equipagem de som de qualidade, além de microfone sem fio e todo tipo de música”, justifica.

Apesar de não fazer feio, ele diz que nunca ganhou e nem dá para ficar triste com isso. “Eu venho mesmo para me divertir, amo cantar, aliás, canto na minha casa para treinar”, confessa.

O ambiente clássico de casa noturna também conquistou Lincoln Guilherme, de 19 anos, conhecido como drag queen Kitana. “Eu gosto de karaokê e não vou em nenhum outro”, afirma.

Os donos também são criteriosos na casa e mandam recados logo na divulgação dizendo que o “rolê é da paz”, ou seja, “só é bem-vindo quem respeita as minas, as manas, as monas, as trans e todo mundo”. “E qualquer situação difícil, chata ou ruim, é só avisar a equipe da casa”, avisa o proprietário Deko Giordan.

A entrada é gratuita e o Karaokê rola toda quinta-feira, a partir das 20 horas, na Rua Dr. Zerbini, 53 – Chácara Cachoeira. A entrada só é permitida para maiores de 18 anos.

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