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Diversão

Lembrança de um pai pescador fez Miguel virar youtuber aos 55 anos

Ela brinca que levou ao pé da letra o ditado "Tá nervoso? Vai pescar!" e resolveu recomeçar a vida na beira do rio.

Thailla Torres | 02/05/2020 07:35
Miguel diz que é feliz pescando e não abre mão de um convite. (Foto: Arquivo Pessoal)
Miguel diz que é feliz pescando e não abre mão de um convite. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nascido em Rio Negro, criado na beira do rio, Miguel Alves de Souza trabalhou até os 40 anos como técnico de máquina de lavar roupas. Diz que era feliz com o que fazia. Os sonhos, no entanto, não paravam por ali. Tinha zelo pela caixa de ferramentas tanto quanto pelas traias de pesca. Seu negócio era à beira do rio. Até que as lembranças do pai falecido viraram coragem para o técnico viver da pescaria e virar youtuber aos 55 anos, com mais de 100 mil inscritos no canal.

No Youtube ele compartilha aventuras nos rios de água doce em Mato Grosso do Sul, e as curiosidades sobre um hobby que exige silêncio, paciência, com mosquitos e calorão. “A pescaria sempre foi uma paixão. Até quando eu não estou nervoso, eu dou um jeito de ficar nervoso só para poder pescar”, brinca.

Ele diz que a paixão de infância foi um dos motivos para largar o antigo trabalho e investir no talento à beira do rio. “A pescaria me proporciona muita liberdade, entretenimento e amizades. Hoje ela se tornou minha profissão e fonte de renda, as pessoas me convidam para pescar, eu fecho contratos remunerados”, conta.

Mesmo com os desafios à beira do rio, ele encara qualquer pescaria. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mesmo com os desafios à beira do rio, ele encara qualquer pescaria. (Foto: Arquivo Pessoal)

O conserto de máquinas foi uma profissão significativa, no entanto, com a evolução dos aparelhos domésticos, o ofício caiu bastante. “Então eu resolvi superar o nervoso e ir pescar. Essa paixão veio do meu pai, quando era pequeno ele nos levava para a beira do rio. O dia que ele me deixava, eu chorava de soluçar. Me lembro muito disso”, conta.

Assim Miguel passou a levar as lembranças e o presente vivido na pescaria para a internet. “No começo a intenção era divulgar para os amigos. Hoje conquistei um público bastante vasto, mas a maioria tem entre 35 a 65 anos. Pessoas que não só pescam, mas se veem através dos vídeos dentro do barco, no acampamento, no contato com a natureza”.

Aliás, a aproximação com a vida rústica e a natureza é a maior recompensa, diz Miguel. “Ver de perto outros animais é uma coisa mágica, a água correndo, os pássaros”.

Mas nada é mais emocionante quando a família topa a pescaria, inclusive, a mãe de Miguel. “Minha mãe é uma graça na pescaria, as pessoas adoram. Numa dessas experiências ela disse que tinha uma história para contar e falou que eu a levei na pescaria. Meu pai faleceu muito novo, aos 47 anos, com doença de chagas, então eu fiz questão de levar minha mãezinha para beira do rio para doces lembranças e divertidos momentos. É muito emocionante ter minha família na pescaria”.

E quando não está segurando a vara de pesca, Miguel diz que gosta de “catar minhoca, consertar molinete, e tocar violão”.

Miguel acrescenta que nunca reclamou da decisão que tomou, foi uma opção consciente, por amor. Partiu do conserto de máquinas para a beira do rio há uma década, mas, agora, no Youtube, ele quer alcançar pessoas do mundo inteiro para falar sobre os encantos da pescaria. “Meu maior presente é o carinho das pessoas e a forma como elas se emocionam com a minha nova profissão”.

Confira as histórias de Miguel em seu canal no Youtube.

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