Na volta a Campo Grande, Michel Teló se diverte em saladão musical
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O misto de curiosidade inata de jornalista com o fato de achar Michel Teló um cara simpático, com “estrela”, me fez a ir ao show dele em Campo Grande, em comemoração ao aniversário de 113 anos da cidade. Queria ver como seria a volta, tocando, ao lugar onde ele viveu dos dois anos de idade até o sucesso da carreira solo obrigar a mudança para São Paulo.
Tá, teve um show do Michel nesse intervelo, em abril de 2011, mas a bem da verdade ele não conta. Foi vazio, prejudicado pela chuva durante a Expogrande. Michel ainda estava batalhando para fazer a carreira sozinho virar.
Hoje, era tudo diferente. Michel Teló agora é um dos artistas mais bem pagos do país e um dos poucos a emplacar um sucesso internacional, a grudenta “Ai se eu te pego”, de um jeito visto poucas vezes com artistas brasileiros. Com música nova entre as mais tocadas, em parceria com o Sorriso Maroto, acabou de voltar de turnê da Europa. Ou seja, o sucesso permanece.
Antes do show, na entrevista coletiva dada à imprensa, o cantor comentou, ao responder sobre as concessões à música mais “comercial”, que tem se divertido fazendo o que faz.
Quando ele entrou no palco nesta noite, cantando “Humilde Residência”, que está na novela Avenida Brasil, realmente passou essa impressão. Começou o show com aquele jeito alegre de quem volta pra casa e pode dizer: voltei melhor do que saí.
O que foi o show? Um saladão musical. Ouviu-se, é claro, as canções que todos já conhecem de Michel, incluindo “Ai se eu te pego” em duas versões e a nova “Parapapá”, com o Sorriso Maroto no telão. Teve também um pouco daquelas que ele tanto tocou nos bailões de Campo Grande, como “Boate Azul” e “Telefone Mudo”. A plateia delirou, obviamente.
Houve momentos “formatura-casamento”, em que ele cantou desde o axé “Solteiro em Salvador” a “Não quero Dinheiro”, de Tim Maia.
Também não faltaram as chicletinhos “Dança Kuduro” e “Eu quero tchu, eu quero tcha”. Em dada altura da apresentação, o cantor interpretou uma música da britânica Adele, o hit “Someone Like You”, como tem feito em seus shows internacionais. O público acompanhou, mas não tanto.
De volta ao seu repertório próprio, Michel apareceu de óculos escuros e atacou de música eletrônica misturada com sanfona. E o show virou balada ao ar livre.
A mim, chamou atenção o sorriso contínuo no rosto do artista. Michel mandou beijos para a plateia cheia de amigos e parentes à frente do palco, cantou com o sobrinho no colo, deu recado para avó, falou de seu amor por Campo Grande e de Deus. Pouco antes de encerrar, lembrou do sucesso internacional, com a liderança nas paradas em 40 países.
Para quem não entende tanto sucesso, uma imagem que vi durante quase todo o show: havia muitas crianças e elas dançavam e cantavam animadas, o tempo todo, com o artista com jeito de bom moço no palco. Talvez ajude a explicar. Michel faz música para divertir quem quer se divertir.