Para quem acha que festa universitária é só bebida, Atléticas mostram outro lado
Elas dão uma força na hora de movimentar a vida social universitária. Funcionam como uma empresa, com diretorias, de finanças a eventos, e movimentam um grana considerável. As atléticas universitárias são famosas por fazerem muita festa, que envolvem muuuita bebida nos conhecidos open bar. Mas também são responsáveis por incentivar o esporte, sua principal atividade. Também há música, nas baterias já tradicionais, além de proporcionar amizades e ter compromisso social.
Em Campo Grande, são mais de 20 atléticas. O Lado B conversou com representantes de algumas, são grupos de universitários de determinados cursos, formados para incentivar os esportes.
Os acadêmicos vestem a camisa, fazem da atlética uma segunda casa e se dedicam muito para aquilo dar certo, sem ganhar um tostão em troca. A recompensa está em ver os times competindo e ganhando, conquistar amizades e ter um grupo com os mesmos interesses, garantem. É algo muito parecido com as fraternidades dos filmes americanos.
Um exemplo de como esses grupos movimentam o ambiente universitário, por exemplo, é a festa organizada pela Atlética das Engenharias da UFMS (Universidade Federal de Campo Grande), que ocorreu na última quinta-feira.
Eles não venderam cerveja, mas fizeram rodadas de 10 outras bebidas. Mesmo assim, e sem anunciar as atrações, venderam mais de 3 lotes de convites antecipados. No evento no Facebook mais de 1.3 mil pessoas já haviam confirmado presença uma semana antes.
As festas são realizadas para arrecadar recursos e manter as modalidades esportivas, financiar o material, os treinadores e viabilizar a participação em competições. A atlética de Engenharia mesmo, já reuniu cerca de 2.6 mil pessoas em uma festa.
“A gente já tem a confiança das pessoas, por isso elas participam, porque sabem que as atrações vão ser legais. As festas são bem organizadas, tem bebida gelada e nunca sai briga. Mas as festas servem mesmo para investir na atlética”, comenta.
Uma festa bem sucedida gera mais de 10 mil de lucro, que é reinvestido. Além de diversão, as festas são a parte empresarial. Também há venda de produtos e do mascote da atlética.
Os atletas formam times de futebol, futsal, handebol, basquete, além das modalidades individuais. As ligas estaduais organizam as competições, que podem ser separadas por cursos, ou integrar cursos. Para participar de uma atlética, além de ser aluno, é necessário pagar uma anuidade. Os valores geralmente são simbólicos, de R$ 30,00 a R$ 60,00 por ano.
As diretorias mudam a cada ano, algumas por indicação, outras por eleição. Os acadêmicos se formam, mas o legado fica para os novatos do curso. “A gente trabalha com aprendiz, a gente pega quem está no primeiro ou segundo ano e coloca na diretoria para aprender a fazer as coisas e essa renovação vai acontecendo aos poucos”, conta Emanuel Dourado Machado, de 20 anos, acadêmico de Engenharia Ambiental e vice-presidente das Atléticas das Engenharias.
As baterias também são uma tradição entre as atléticas, são elas as responsáveis por fazer o barulho na torcida e também levar o nome da Atlética. “A gente costuma dizer que a bateria é o coração da Atlética. Ela chama atenção, quando a gente vai receber os calouros, a gente leva a bateria, no jogo é legal quanto a torcida tem bateria”, comenta.
Emanuel pontua que, para ele, participar da Atlética significa crescimento pessoal. “Particularmente, o que me acrescentou foi mais a questão das amizades, conhecer gente, conversar com pessoas de outras atléticas, de outros lugares. Sem falar no que a gente aprende, sobre logística, por exemplo, que você só aprende fazendo. É uma experiencia diferente, e a gente cresce em cada dificuldade”.
Festão - Com apenas um ano, a Atlética de Direito da Uniderp comemora em julho o aniversário com uma atração nacional para a festa. O show do Mc Catra vai ter convites limitados. “A festa é um momento de confraternização, a gente conseguiu trazer uma atração nacional para comemorar o aniversário, celebrar por isso é uma festa para o pessoal da Atlética e que simpatiza com ela”, afirma Nikythelms Guesso, de 29 anos, presidente da Atlética de Direito.
O acadêmico afirma que aprendeu muito. “Quando eu entrei na universidade, há dois anos, foi em busca na formação. Mas com a atlética eu conquistei amizades, que mesmo depois da faculdade eu não vou perder, nem esquecer. Tem também o comprometimento que gera um crescimento pessoal”, afirma.