“Paraíso” verde no Aero Rancho foi construído por vizinhos há 4 décadas
O espaço é a salvação diária de quem não tem quintal e precisa escapar do calor campo-grandense
Na Rua Arquiteto Carlos Alberto Mafei, uma pracinha tomada por árvores, vasos de plantas e animais decorativos se tornou o “paraíso” dos vizinhos no Aero Rancho. Construído por eles, o espaço é a salvação diária de quem não tem quintal e precisa escapar do calor campo-grandense.
Integrando o grupo, Vera Lucia Fraile Misael, de 65 anos, atravessa a rua praticamente todos os dias para passar as tardes em meio às árvores que ajudou a plantar. Morando por ali há 30 anos, ela conta que se não fosse a união dos vizinhos, a pracinha seria só mais um terreno sem uso no bairro.
“Antes da gente começar a morar aqui, a dona Julia, uma outra vizinha, já tinha começado a plantar algumas árvores. Depois, cada um foi ajudando também e montando a praça. Esses bancos e mesas mesmo são manilhas que nós pegamos e pagamos até guincho para trazer aqui”, explica Vera.
Desde a calçada elevada até o balanço, tudo foi sendo implantado aos poucos e, hoje, quem continua fazendo a manutenção são eles. “Meu marido varre aqui todos os dias e cada vizinho acaba cuidando da parte da frente da sua casa. De tempos em tempos, quando a gente consegue, pinta tudinho e fica mais bonito ainda”.
No espaço, Vera narra que há cedro, eucaliptos, aroeira, pé de jaca, siriguela, manga, acerola, pitanga e outras árvores que escaparam da memória na hora do relato. Sem muitos problemas com vandalismo, ela comenta que ali cada um é um pouco vigilante.
“Às vezes tem molecada que vai brincar, fazer graça e acaba podendo estragar as coisas. Logo a gente fala para tomar cuidado porque é nosso né, a gente que foi fazendo tudo, não tem ajuda de nada público, por exemplo”, comenta a moradora.
Para ela, depois de tantos anos cuidando da pracinha, o espaço se tornou um paraíso mesmo. Até porque sem ter quintal em casa, a área verde do lar é o “jardim” da rua. “A gente, dona Julia e a Lenice, viramos irmãs mesmo. É tanto tempo aqui e cuidando da pracinha, não tem como. A gente vem, toma tereré, conversa, se diverte”.
Compartilhando das opiniões, Julia Mara de Souza, de 73 anos, relembra que quando chegou ao bairro, há mais de 40 anos, o cenário era triste e bem diferente da paisagem que tem hoje na frente de casa.
“Aqui era terrível, eu falo que hoje a gente está no céu com isso aqui. Não tinha nem asfalto, imagina. Eu e meu marido, que já faleceu, começamos a plantar essas árvores aí para ter alguma sombra e olha o tamanho delas agora”, diz Julia.
Sobre como cada um ajudou, ela detalha que tanto as lixeiras quanto os animais decorativos, além da parte de vegetação, cada vizinho ganhou ou comprou para colocar ali. “É esforço de todo mundo, a gente gosta disso daqui”.
Confira a galeria de imagens:
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