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Diversão

UFMS lança nova rádio digital, depois de muitos anos de estação clandestina

Naiane Mesquita | 18/06/2016 07:15
UFMS inaugura nova rádio, a 99.9 no dia 21 de junho, mas já da para escutar (Foto: Alcides Neto)
UFMS inaugura nova rádio, a 99.9 no dia 21 de junho, mas já da para escutar (Foto: Alcides Neto)

A UFMS inaugura no dia 21 de junho a emissora oficial de rádio da instituição, a FM Educativa UFMS 99.9. Na programação, apenas músicas brasileiras e sul-mato-grossenses, além de programas diários de jornalismo que terão a colaboração de acadêmicos. A história parece comum até esse ponto, não fosse o fato de que no passado, por volta dos anos 90, uma estação da Universidade Federal fez sucesso nos corredores e atingiu até as Moreninhas, mas como clandestina.

A abertura da estação hoje é uma vitória, já que o pedido pela concessão foi feito há oito anos para a EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Essa é a primeira vez que a universidade ganha uma rádio oficial, a anterior, a 107.7, que fez sucesso anos anos 90 era meio “clandestina”. Os equipamentos foram angariados pelos professores e os alunos que mantinham a programação, ao lado de dois bolsistas.

“Na verdade estou aqui há pouco mais de 23 anos como professor. Quando eu cheguei na universidade tínhamos acabado de montar a rádio para que os alunos do curso de jornalismo pudessem ter uma laboratório de rádio, ter uma produção de rádio”, relembra o professor José Márcio Licerre, 64 anos.

Naquela época, a rádio fez sucesso nos corredores largos da UFMS, entre os acadêmicos do curso e dependendo da região da cidade, entre os moradores. Márcio conta que o funk, estilo muisical que começava a crescer na periferia chegou com força a programação, porque os alunos sempre atendiam o pedido de quem ligasse em busca da música. “A rádio tinha uma grande penetração nas Moreninhas e foi bem na época que começou a surgir o funk, a música da periferia, o street dance, a rádio pegava bem nesses lugares. Os dois locutores passavam o número de telefone da rádio, o ramal e o pessoal podia ligar e pedir música. Começou a ter movimento e eles aproveitavam para comentar notícias importantes, como se fosse a Lama Asfáltica de hoje”, cita o professor.

Com o tempo, esse sucesso começou a incomodar as outras rádios, que tinham a concessão, e a Polícia Federal com aval da Anatel fez um limpa na rádio. “Durou uns 7 anos a coisa toda e foi muito doida, porque até jogo do Morenão a gente transmitia. Ficava com uma extensão via telefone e ele ficava meio que no campo. As rádios acharam que estávamos roubando esse público mais da periferia e denunciaram a rádio. Os professores chegaram a responder um processo pela rádio”, diz Márcio.

Nada que tirasse o brilho daquela época, em que os alunos romperam as fronteiras das grandes massas radiofônicas da cidade. “Nós deveriamos ter feito uma formalização da coisa toda, mas funcionava dentro da universidade, com pequenos recursos, durou um bom tempo. Um dia quando ninguém estava, a Polícia veio e levou o transmissor”, relembra.

Com esse passado deixado para trás, agora a Universidade lança a 99.9, com outra concessão e tudo nos conformes. “Ela é toda digital, de caráter educativo e cultural mesmo. A programação vai ser basicamente de música brasileira e regional. Não que seja proibido tocar música internacional, mas 90% da programação será voltada para a música brasileira”, afirma a coordenadora da comunicação social da universidade e professora do curso de jornalismo da instituição, Daniela Ota.

A programação começa às 6 horas, com o jornal da rede nacional, de Brasília até as 6h45, segue com o noticiário regional das 7h às 7h30. Às 12 horas, tem 20 minutos de informação em rede. Um dos diferenciais é que a cada hora cheia, há um boletim da rede em tempo de cinco minutos e a cada meia hora, um boletim de 3 minutos regional.

“No horário da tarde terá programas especiais, de acadêmicos, não só quem está estagiando, mas também de outros alunos do curso”, ressalta Daniela.

A estação ainda está aberta a outros projetos, da comunidade em geral. “O projeto precisa ser educativo e cultura. Nós cedemos o espaço, não é cobrado nada, mas também tem caráter voluntário, a pessoa não pode comercializar o espaço. O que ela pode ter dentro do programa é apoio cultural”, indica. Os horários disponíveis serão aos finais de semana e o projeto precisa ser aprovado por um conselho que vai analisar o programa.

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