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Antes da cirurgia, muay thai foi chance de perder quase 50kg e vencer depressão

Após o primeiro filho, Maíza deixou de enxergar até o pé por conta do peso, mas emagreceu quase 50 quilos

Thailla Torres | 24/05/2017 08:01
Maiza emagreceu sim, mas sorriso mostra que a vida não melhorou só neste aspecto.
Maiza emagreceu sim, mas sorriso mostra que a vida não melhorou só neste aspecto.

Maiza Socorro de Lira, de 39 anos, cresceu em uma família humilde, ao lado dos país que sempre foram trabalhadores rurais. Sinônimo de saúde na infância era ver a criança comer bastante e de tudo, sem imaginar as consequências e o risco da obesidade. Mas depois do primeiro filho, foram poucas as vezes em que Maiza conseguiu enxergar o próprio pé devido ao sobrepeso.

Depois de anos lutando contra uma alimentação descontrolada e com o desânimo por conta do peso, ela encontrou um caminho saudável na luta. Há seis anos a transformação na vida da cabeleireira veio quando descobriu o muay thai. Com o tempo, além de perder quase 50 quilos, conseguiu vencer a depressão, processo que ela conta aqui no Voz da Experiência.

Maiza com 108 kg. (Foto: Arquivo Pessoal)
Maiza com 108 kg. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Há seis anos minha vida mudou quando decidi enfrentar o medo e a distância de uma vida saudável. Por conta do excesso de peso, me deparei com a baixa auto estima e a insatisfação com meu corpo. Depois veio a depressão e os problemas de saúde.

Sou cabeleireira em Campo Grande. Por conta dos 108kg, o fim do expediente era de fortes dores diariamente. Inchaço nas pernas e dores musculares por conta do peso. Até para levantar e ir ao banheiro durante a noite era um sacrifício.

Nesse tempo eu decidi fazer a cirurgia bariátrica, mesmo sabendo dos cuidados e riscos de um procedimento como esse. Mas quando eu estava decidida, foi que eu conheci o muay thai através dos meus filhos. Eles começaram a treinar e me levaram pela primeira vez.

Desisti da bariátrica e em menos de um ano emagreci 18 quilos, aliando o exercício com reeducação alimentar, que também não foi uma tarefa fácil. Meu maior incentivo foi o  muay thai.

A dificuldade é que por conta do peso, tive problemas no joelho, na coluna, e por isso, precisei me ausentar por alguns meses. A ansiedade tomou conta. Porque desde a primeira semana de muay thai, a gente percebe o resultado no condicionamento. É um exercício que te liberta de tudo naquele momento e em três meses você já percebe a perda de peso.

Hoje, após seis anos de muay thai. (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje, após seis anos de muay thai. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos meses em fiquei parada, conversei com o médico e decidimos fazer a cirurgia porque eu havia engordado novamente. Na época eu estava com 100 kg, usava calça tamanho 52.

Foram poucos meses até que fiz a bariátrica. Mas depois do procedimento e o tempo longe do muay thai, a depressão veio novamente.

Tenho um histórico familiar de obesidade. As vezes eu escutava que era só me esforçar que emagrecia, mas quem sofre do problema sabe que não é bem assim. Vim de um a família humilde, onde saúde era ver o filho comer tudo que tinha no prato. Fui uma criança magra, mas minha mãe sempre fazia de tudo para que eu engordasse naquele tempo. Hoje a gente vê os reflexos do exagero na infância quando o assunto é alimentação.

No começo é tudo muito difícil. Depois da cirurgia o grande desafio é se adaptar a uma nova alimentação. Mas quando os médicos me liberaram para voltar ao exercício, eu consegui levar adiante as regras na hora de comer.

Hoje posso dizer que o muay thai é o meu remédio. É claro que a cirurgia foi um fator importante, mas sem a persistência no exercício eu não sei se teria conseguido. Faço aula três vezes por semana, é ali que deixo toda minha ansiedade e euforia numa semana de trabalho. E acredito que isso vale para qualquer outra modalidade que as pessoas se identifiquem. O exercício físico sempre te transforma de alguma maneira, o que não pode é se entregar a uma vida sedentária.

O importante é respeitar os limites do seu corpo para não se machucar. Continuei fazendo os acompanhamentos médicos e os exames que todo exercício requer, isso impede da gente agredir e forçar o corpo".

Tem alguma experiência transformadora para contar. Manda pra gente no Lado B.

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