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Sabor

Caldo de Galinha Velha é prato principal em bar na Coophasul

Ângela Kempfer | 04/06/2012 10:33
Vilarin e o Caldo de Galinha Velha. (Rodrigo Pazinato)
Vilarin e o Caldo de Galinha Velha. (Rodrigo Pazinato)

O lugar parece uma simples conveniência na avenida mais movimentada da região do Coophasul, a Cotegipe, mas é só olhar o cardápio para ver que é um típico ponto gaúcho, com churrasco, frango com polenta, Caldo de Mocotó e Caldo de Galinha Velha, uma especialidade da casa.

As mesas na calçada de repente ganharam música ao vivo na sexta-feira passada. Dois gaiteiros tocavam de Dino Rocha a Borguetinho. Em uma das gaitas, Lorenço Vilarin Prestes, o dono da conveniência e das receitas. Em outra, o filho Luiz Carlos Prestes, de apenas 10 anos, vestido com bombacha e botas.

“Você percebeu o nome? Luiz Carlos Prestes? É a terceira geração dos Prestes”, falava orgulhoso Vilarin, sobre o parentesco com um dos maiores símbolos dos ideais da revolução socialista no Brasil.

As histórias e música boa só confirmaram a autenticidade do lugar, começando pelo nome “Alô Tche”. Vilarin, o “Gaúcho”, nasceu em Santa Rosa (RS) e depois de deixar o Rio Grande do Sul passou por Três Lagoas até chegar em Campo Grande, em 93.

Montou o bar e hoje trabalha de segunda a segunda com a esposa Patrícia e rodeado pelos dois filhos pequenos. “Durmo lá pela 1 da madrugada e acordo todos os dias às 5h30. Na verdade, durmo muito pouco”, admite.

Ele vive para o negócio. A galinha e o frango, ingredientes das principais receitas, são criados por Gaúcho. As carnes vermelhas também embaladas uma a uma por ele, com jornal e outros segredinhos para assegurar o gosto fresquinho.

Gaúcho e o pequeno Luiz Carlos Prestes.
Gaúcho e o pequeno Luiz Carlos Prestes.

Até o “fogão/forno”, usado por ele, é criação própria. São duas estruturas metálicas projetadas por Gaúcho com a vantagem da economia. A antiga churrasqueira, também construída por ele, foi aposentada diante da praticidade da nova invenção. “Consumo só um pedacinho de carvão e dá para noite toda. O cano, eu trouxe de uma destilaria de álcool, por isso absorve bastante calor”, explica.

Mas o principal talento é a culinária. O homem faz um frango com polenta de deixar qualquer gaúcho agradecido (digo porque também nasci em Santa Rosa).

Até o Caldo de Mocotó que nunca me agradou, nas mãos de Vilarin fica mais leve, menos enjoativo. “O Mocotó não pode ter gordura, por isso cozinho das 7 da manhã até às 2 da tarde”, explica. Pedro Batista, de 61 anos, é cliente cativo e comprova: “Só tomo Caldo de Mocotó aqui”.

Todos os dias são mais de 60 litros de caldo vendidos no Alô Tche. Também há linguiça artesanal – feita com ponta de costela e colchão mole, asinha de frango assada, dobradinha...”Tenho mais de 200 receitas”, garante o Gaúcho.

O fogão é feito pelo próprio Gaúcho.
O fogão é feito pelo próprio Gaúcho.

A partir de agora, na primeira sexta-feira de cada mês, mais uma delas entrará no cardápio: o Caldo de Galinha Velha. Experimentei e, realmente, é uma delícia. Apesar de ser grosso, não pesa no estômago.

Gaúcho diz que o segredo é a galinha caipira “velha”, ou até um galo. Ele cozinha, retira os ossos e depois arremata com temperos que não são revelados.

O melhor de tudo é a possibilidade de comer bem e pagar pouco. Depois de pedir um churrasquinho de asa de frango com mandioca, o Caldo de Galinha Velha, o frango com polenta e o Caldo de Mocotó, a conta da mesa sai por apenas R$ 18,00.

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