Carrinho de cachorro quente, cor de rosa, faz sucesso vendendo pelo Facebook
Um dia o padeiro passou para entregar os pães como todo o entardecer, já que os ingredientes usados para o cachorro quente do carrinho cor de rosa são fresquinhos. Carmem queria trinta, mas ele avisou que só vende de vinte em vinte. Então, ela pegou quarenta pães. O tempo fechou e começou a chover.
“Eu falei lascou. Perdi quarenta pães, perdi o molho. A maionese caseira que eu bato todos os dias. Eu tomo bastante cuidado com isso, para ninguém passar mal. Eu nem coloquei o carrinho lá fora e fiquei aqui chorando as pitangas.”
Mas não fazia nem 10 minutos que Carmem Lara Ywlly, de 34 anos, tinha desligado o celular e as ligações começaram. "É aí que vocês entregam cachorro quente?", disse a voz do outro lado da linha. Sem pensar muito, Carmem respondeu que sim. Depois, muitas outras ligações chegaram e quando foi 21 horas, os cachorros quentes já haviam acabado.
Emanuelle Ywlly, de 20 anos, a irmã, ligou, perguntando como estavam as coisas. “O que você fez? Os cachorros quentes já acabaram!” perguntou Carmem. “Só postei no Facebook”, respondeu. Depois disso, a rede social passou a ser o principal instrumento de vendas do "Chachorro Quente Atalaia".
A foto do sanduíche bem recheado chama atenção no Facebook. Faz salivar quem se depara com a imagem na timeline na hora da fome. O Lado B achou interessante ver a venda do hot dog acontecer pela rede social e acabou descobrindo que o recheio feito por Carmem tem, além de carinho e cuidado, todo o desejo de uma vida nova.
Cansada de trabalhar como analista de crédito em um banco, depois de 10 anos na função, ela decidiu abandonar o emprego que não trazia mais realização pessoal para montar o carrinho de cachorro quente. O sonho é antigo, vem desde o começo da vida adulta, quando gerenciava um lava jato, e olhava o espaço vazio durante a noite, imaginando o retorno que o carrinho ali poderia dar.
Carmem decidiu transformar a ideia em realidade, achou o carrinho que estava parado com uma amiga, comprou e abriu o novo negócio na frente de casa. Começando com 10 pães por noite. Ela vai aos mercado todos os dias, não faz estoque porque optou por comprar todos os ingredientes fresquinhos: do pão, ao tomate utilizado para fazer o molho, que quando não é usado no dia, é consumido pela família, mas não volta para o carrinho.
As vendas não iam tão bem no final do ano, depois de quatro meses de movimento fraco e retorno financeiro ruim, ela fechou. Foi então que no começo de 2015, resolveu que não ia desistir. Reformou o carrinho, pintando de rosa para ser visto, e começou a vender pelo Facebook. O projeto vingou a ponto de o marido, Ruberley Schiavão Jr, de 24 anos, também pedir as contas do trabalho de marceneiro para se dedicar ao cachorro quente.
“Como ele trabalhava cedo, ficava muito cansativo, já que a gente terminava já era quase uma hora da manhã. Mas está compensando. Tem muita gente que fica sem comer porque a gente não consegue atender", chega a lamentar.
Hoje o cachorro quente vendido no bairro é entregue por toda a região e até em alguns lugares um pouco mais distantes. Virou o ganha pão do casal. De vez enquanto quem faz as postagens na internet é Emanuelly, que recorre a criatividades e aos emoticons para cativar os fregueses da irmã.
Tem dado certo. Tanto é que eles vendem cerca de 80 cachorros quentes por noite. O carro chefe da casa, o "Dog Atalaia" custa R$7,00 e leva: duas salsichas, molho caseiro, catupiry, presunto, muçarela, milho, batata palha e uma camada generosa de bacon por cima. “As pessoas elogiam bastante. Como a gente não estava preparado para trabalhar com entregas, usamos o nosso carro mesmo. Por enquanto eu entrego se não for muito longe. E quem eu não consigo atender, geralmente eles vem aqui conhecer”, contou.
O carrinho fica na Rua Jorge Ward n° 624 Guanandi 1, os pedidos podem ser feitos pelo telefone (67) 9169-2725.