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Sabor

Como uma boleira vira empresária, prestes a inaugurar confeitaria

Elverson Cardozo | 05/04/2012 10:06
“Eu fui fazendo do jeito que eu sabia, porque eu só fazia para a família”. (Foto: Marlon Ganassin)
“Eu fui fazendo do jeito que eu sabia, porque eu só fazia para a família”. (Foto: Marlon Ganassin)

Pode até ser estratégia de marketing, mas o argumento é tão convincente que nos deixa quase sem ter o que falar. “Eu me realizo porque eu só trabalho para motivos de alegria”, diz a boleira Neusa Brignoni, de 57 anos, ao falar sobre o sucesso do negócio que começou como um hobby e acabou virando profissão.

Proprietária da Bico Pitanga, empresa de bolos, doces, tortas e salgados, Neusa conta que começou fazendo pães de cachorro quente em 1993, quando se casou e mudou da cidade de Ibiruba (RS) para Campo Grande.

Cerca de um ano e meio depois, devido às cobranças dos clientes, passou a fazer cucas. Para os bolos recheados, foi um pulo. “Eu fui fazendo do jeito que eu sabia, porque eu só fazia para a família”, conta.

As receitas que hoje fazem sucesso entre os clientes fora repassadas de geração em geração. Especialista na arte de confeitar, Neusa relembra que aprendeu o ofício com a irmã, que desenvolve a mesma atividade.

Depois de 18 anos é uma das boleiras mais conhecidas de Campo Grande. “A cidade toda faz bolo aqui”, comemora, acrescentando que da carteira com cerca de 1,2 mil clientes fixos, atende o Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas e vários parlamentares.

Carro-chefe da empresa é o “bolo de quatro leites”. (Foto: Marlon Ganassin)
Carro-chefe da empresa é o “bolo de quatro leites”. (Foto: Marlon Ganassin)

Até clientes internacionais Dona Neusa já conquistou. “Uma vez um turista da Inglaterra provou e disse que já tinha viajado o mundo todo e nunca havia comido nada como aqui”, relata.

Mas a fórmula do sucesso não chegou com as receitas de bolo, que vem com doses certas e os ingredientes corretos. Exigiu determinação da mulher que viu nas receitas caseiras uma oportunidade de negócio. “Eu pensei: Porque não tornar isso uma profissão?”, relembra.

Mas, antes de ter cinco funcionárias, aparelhos modernos, espaço adequado e uma produção de causar inveja, a boleira teve de se contentar com uma sala de 1 x 3 metros, no fundo da casa. Local onde fazia a massa dos pães em um rolo manual.

Ainda nos fundos da residência, mas em um espaço bem maior, Neusa agora colhe os frutos do próprio esforço. Chega a produzir aproximadamente 500 unidades de bolos mensalmente, fora os salgados e as tortas.

Dona Neusa mostra primeiro espaço onde começou a trabalhar. (Foto: Marlon Ganassin)
Dona Neusa mostra primeiro espaço onde começou a trabalhar. (Foto: Marlon Ganassin)

O carro-chefe da empresa é o “bolo de quatro leites”, que leva leite ninho, de coco, condensado e creme de leite. Responsável por 80% das vendas, Neusa conta que a receita é exclusiva. O quilo é vendido a R$ 22,00.

Pelo mesmo valor são comercializados os bolos de brigadeiro, prestígio, trufados, sonho de valsa e olho de sogra. O mais caro é o “floresta negra”, que custa R$ 29,00 o quilo. Em massa de pão de ló, a receita leva creme de leite fresco e boa quantidade de cereja.

Confeitaria - O sucesso dos bolos recheados foi tanto que Dona Neusa resolveu abrir uma confeitaria para atendimento direto ao cliente. “Era um sonho antigo”, afirma. O estabelecimento, que já está pronto, fica ao lado da própria casa.

A inspiração para o nome da empresa surgiu há pouco tempo. Veio da própria peça utilizada para confeitar os bolos e da terra natal. “Eu sou de Ibiruba, que é conhecida como a terra da pitanga”. “A terra da pitanga, pitanga... Bico de Pitanga”, explica.

Ainda sem data certa para acontecer, o coquetel de abertura da confeitaria será realizado no final deste mês. “Se você tiver qualidade e bom preço não precisa ter medo do mercado”, finaliza.

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