Dona até tentou, mas não conseguiu mudar nome da lanchonete "Backtérias"
Na rua Pedro Manieri, número 200, no bairro Oliveira, a dona da lanchonete, Angela Soares, de 41 anos, bem que tentou mudar o nome do lugar, mas não teve jeito. A clientela foi quem batizou o “Backtérias Lanches”. O que poderia acabar com a imagem do local, virou propaganda e tornou o ponto um dos mais famosos da região.
Angela explica que a brincadeira começou com alguns clientes do bairro vizinho, o União. A rua, sem asfalto, na chuva fica repleta de lama. No calor, a poeira toma conta do lugar. O apelido surgiu diante de uma aparência duvidosa do espaço.
Ela é evangélica e a vontade era de que a lanchonete se chamasse “Ágape”. Até mandou pintar o muro da casa o novo nome, mas teve que passar tinta por cima e escrever “Backtérias”. A ortografia errada, segunda ela, é marketing “Pra ficar diferente”, conta.
A proprietária relutou contra o apelido, mas no fim, a maioria ganhou. Fez até uma eleição entre os clientes para escolherem o nome definitivo. A sugestão da dona, "Ágape”, obteve apenas um voto, o dela mesma.
Quem começou com a brincadeira foi o auxiliar contábil Jeferson dos Anjos, de 25 anos, que na época era adolescente. “Eu estava tirando sarro, porque ele estava falando da minha mãe, só revidei”, lembra. Cliente até hoje, o auxiliar diz que apesar do nome, o lanche é bom e feito com cuidado, em ambiente limpo. “Criei o apelido pelo local, não pela comida”, explica.
Em um espaço improvisado, desde 2001 Angela usa a varanda de casa para servir os lanches. Algumas mesas de plástico e um balcão feito de cimento, definitivamente não são os atrativos da lanchonete. Quem vai é pelo tamanho generoso e o preço.
Ela acredita que um dos motivos do lanche ter fama é por conta do hambúrguer e da maionese caseira, todos feitos por Angela. "São receitas simples, não tem segredo", diz.
Como são poucos lanches por dia, tudo é preparado na cozinha de casa, em uma chapa. Por dia são pedidos de 40 a 70 e os valores começam em R$ 7,00 o X-Salada simples e R$ 12,50 o X-Bagunça, um dos mais calóricos, e que leva uma infinidade ingredientes, como hambúrguer, milho, salsicha, calabresa, catupiry, frango, mussarela, batata palha. Esse último serve duas pessoas.
Por conta do nome, Angela confessa que tem medo de acharem que o local não tem higiene. “Apesar da localização, procuro ser limpa, para não terem nada pra falar mal”. Nem clientes, nem a dona, lembram de alguém ter passado mal.
Ela acredita que o nome não espanta a freguesia, e ainda alimenta a curiosidade de quem frequenta. O vendedor Fernando Ysleyka, de 23 anos comprova o que Angela diz: “Nunca tive medo de comer aqui, e venho toda semana pra jantar. Nunca passei mal”.
Na lanchonete, tudo é bem simples. E na falta de um banheiro destinado aos clientes, Angela abre as portas da casa. Já pensou em construir um sanitário na varanda, mas o marido não gostou da ideia. “Ele ficou bravo, onde já se viu fazer banheiro na frente de casa?”, imita o esposo.
A lanchonete funciona de segunda a sábado, a partir das 18 horas.