Em intervalo de samba, saltenha vira sensação com receita original desde 1959
Irmãs herdaram receita da avó e há um mês fazem sucesso com saltenhas típicas da Bolívia
É difícil comer uma só. De tamanho médio e dobrinhas crocantes, a saltenha traz o recheio bem suculento de frango. A unidade custa R$ 7,00. Em um mês de existência, a saltenharia Las Hermanas já vendeu mais de 1,8 mil unidades.
O endereço para comer a saltenha quentinha ou fazer encomendas no dia a dia é a Rua Padre João Cripa. Mas é no sábado que o salgado típico da Bolívia vira sensação entre os campo-grandenses. As irmãs Regiane e Rejane vendem aos sábados no espaço Ramadas onde ocorre os pré-carnavais do Esquenta Corumbaense que, neste sábado (11) também recebe o esquenta do Cordão Valu.
No último sábado, por exemplo, as irmãs se prepararam para vender 50 saltenhas. No calor e na vontade de matar a fome após muito samba no pé, quem foi ao evento acabou com os salgados em menos de cinco minutos. Foi preciso preparar novas fornadas para atender aos pedidos, e só naquela noite elas venderam 170 unidades. “A gente nem imaginava que as pessoas aguentariam comer tanta saltenha em pouco tempo”, comemora a administradora Rejane Monteiro, 40 anos.
O sucesso está na história da família que não perdeu a mão na fórmula do salgado com massa adocicada e versões tradicional e apimentada. Quem ensinou a receita às irmãs foi a mãe Doris Monteiro, 73 anos, filha da boliviana Sara Montero Sánchez, que se tornou conhecida em Corumbá pela sua culinária e o talento em produzir o salgado legítimo.
“Ela chegou em Corumbá em 1959 e ficou conhecida pela ‘mão de ouro’ na cozinha. À época estava sendo construída a estrada de ferro e ela era quem fazia marmitas para os trabalhadores. Também era chamada para fazer grandes banquetes, mas ficou famosa pela produção de saltenhas. Pedro Pedrossian e Wilson Barbosa Martins comeram a saltenha dela”, explica Doris.
Doris lembra que ela e a irmã trabalhavam diariamente com a mãe na produção do salgado. “Saltenha era feita todo dia em casa. Nós ajudávamos minha mãe e depois ela fazia as entregas da cidade. As pessoas gostavam do tempo e do sabor original”.
Quem experimenta hoje garante que a receita continua a mesma e Doris explica o porquê. “Não mudamos nada na receita. Eu ensinei as minhas filhas a receita original”, diz. A única diferença é que agora há medidas. “Nossa avó fazia sem receita mesma. Como iniciamos uma produção maior foi preciso garantir as medidas de cada ingrediente. O resto é tudo do jeitinho que ela fazia, inclusive, sem caldo industrializado. A cor da massa e do caldo feito com a própria carne são garantidos com açafrão”, explica Regiane.
Regiane é nutricionista e alimentos naturais. Ela não pensava em fazer saltenhas até a gravidez da irmã Rejane que decidiu servir o salgado no chá de bebê. “A gente não parava de servir e assar. Depois daquele dia surgiram novos pedidos e foi quando tivemos a ideia de vender a saltenha tão famosa da nossa avó”, explica Rejane.
Desde então o movimento na varandinha de casa do Bairro São Francisco não para. Mas quem quiser experimentar o salgados aos sábados, elas estarão vendendo saltenhas durante todos os pré-carnavais do Cordão Valu e do Esquenta Corumbaense na Rua Tônico de Carvalho, 158, Amambaí.
O telefone para encomendas é o (67) 99802-1970.
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