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Sabor

Restaurante começa após paixão no Facebook e tem sabor turco, armênio e africano

Aline Araújo | 16/06/2015 06:34
Os quibes são recheados. (Foto: Fernando Antunes)
Os quibes são recheados. (Foto: Fernando Antunes)

Uma foto de um quibe recheado de cebola caramelizada abriu o apetite e a gente resolveu conhecer o Yallah!!, um restaurante árabe que abriu há seis meses em Campo Grande. Além de pratos bonitos, também conhecemos uma história de amor diferente, que nasceu entre a paixão pelas panelas e o Facebook.

A mistura que deu certo tem o tempero marcante libanês com a simplicidade encantadora vinda do Mato Grosso do Sul. Paco Kawijian nasceu no Líbano, ainda criança foi morar na Líbia, quando a guerra estourou. Lá ele foi alfabetizado em francês e pode conhecer um pouco da Europa. Aos 14 anos, se mudou para o Brasil.

O ambiente é leve. (Foto: Fernando Antunes)
O ambiente é leve. (Foto: Fernando Antunes)

Veio parar em terras brasileiras porque os avós já moravam aqui e o irmão tinha o sonho de ser jogador de futebol. Pela insistência dele, a família foi morar em São Paulo. O irmão não se tornou jogador profissional, mas com o perdão do trocadilho, bate um bolão hoje na cozinha de um restaurante paulista de comida árabe, o Sainte Marie, que é padrinho do negócio montado aqui.

A culinária uniu Paco, que dava aulas de inglês e francês, a Luciana Abes, uma advogada campo-grandense que trocou os tribunais pelos livros de receita. Ele fez curso no Senac e ia cursar gastronomia em São Paulo. Ela conheceu o restaurante paulista, o irmão de Paco e outros amigos.

A amizade entre os dois cresceu mesmo na internet, pelas conversas no Facebook. Um dia, ele propôs à ela a ideia de “fugirem” juntos para Campinas. No começo Luciana hesitou: “Só se for para montar uma filial do Sainte Marie”, lembra.

O encontro aconteceu quando ele veio até Campo Grande conhecê-la pessoalmente e a amizade virou romance, casamento e um herdeiro.

Escolheram Campo Grande como lar e começaram a montar um restaurante ao estilo do paulista. E não foi nada fácil.

Os dois demoraram quatro meses para encontrar um ponto, esperaram mais oito para a reforma, enquanto a barriga de Luciana crescia, com a vinda de Raruti. Três meses foram vividos em dedicação ao pequeno, mas era preciso abrir logo as portas.

“A gente precisava abrir para o nosso capital de giro se movimentar. Então, mesmo sem ter tudo pronto, a gente abriu com muita vontade de trabalhar”, comenta Paco. E o trabalho começou, sempre com empolgação.

Quibe montado, que aqui ganhou o nome de  Sainte Marie.
Quibe montado, que aqui ganhou o nome de Sainte Marie.

Um momento do início marcou muito o casal, a conquista de uma cliente em meio ao caos dos primeiros dias.

Naquele tempo, o casal só tinha duas funcionárias para ajudar na cozinha. Eram os dois para cozinhar e servir. Depois de dias com poucos clientes, pela primeira vez o restaurante estava lotado e os pedidos demoravam, admite ela.

“Não tinha atendimento, nós estávamos desesperados, o restaurante cheio, foi quando uma senhora levantou e falou bem alto: Eu tinha dito para mim mesma que nunca mais voltaria aqui - o atendimento de vocês é péssimo, mas o prato estava muito saboroso, vocês ganharam um cliente, estava realmente excelente. E ela volta quase toda semana, até hoje quando eu vejo, tenho vontade de chorar”, conta Luciana.

Paco brinca que o restaurante está sendo arrumado em pleno voo, observação dentro dos padrões de exigências deles, já que Paco toma cuidado redobrado a apresentar cada prato. Para ele, o produto tem que representar o sobrenome da família, honrar o restaurante do irmão e os consumidores que escolheram eles.

Esfirras custam R$ 4,00. (Foto: Fernando Antunes)
Esfirras custam R$ 4,00. (Foto: Fernando Antunes)

Foram meses de testes com as receitas de família, até chegar ao cardápio atual. Hoje, há quibe montado, criação do restaurante padrinho, que ganha destaque. O prato intercala camadas de quibe cru, quibe grelhado, coalhada e por cima uma generosa quantia de cebola caramelizadas. Por R$ 49,00, serve até quatro pessoas.

O cardápio tem opções de R$ 4,00, R$12, R$20, R$35... dependendo da vontade e do tamanho da fome. Há uma mescla de culinária turca, armênia, europeia e do sul da Africa. O ambiente é simples, mas bem agradável. A decoração é pautada na iluminação, no aconchego e na simplicidade das cores.

“A gente tem muito amor e humor no que faz, é o nosso ganha pão. Mas o que eu tenho mais orgulho é que eu estou fazendo uma comida boa e deixando as pessoas do meu Estado orgulhosas. Mostrar que é possível. Eu cansava de ouvir as pessoas que já moraram em São Paulo e moram aqui dizer que tinham saudade da comida árabe de lá. Hoje eu escuto de pessoas daqui que moram lá que elas sentem falta da comida árabe daqui, e isso é gratificante”, comenta o chef.

O Yallah!! fica na rua Osvaldo Cruz 50, quase esquina com a Euclides da Cunha. Funciona das 10h às 22h, de terça a domingo.

O Yallah!! fica na rua Osvaldo Cruz 50, quase esquina com a Euclides da Cunha. Funciona das 10h às 22h, de terça a domingo. (Foto: Fernando Antunes)
O Yallah!! fica na rua Osvaldo Cruz 50, quase esquina com a Euclides da Cunha. Funciona das 10h às 22h, de terça a domingo. (Foto: Fernando Antunes)
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