Varanda é mordomia de gaúcho, que mata saudade do Sul com salame
Há cinco anos, ele traz os produtos coloniais que carregam a tradição e o sabor do Rio Grande do Sul
Há cinco anos, Luiz Motta viaja para a terra natal e traz os produtos que fazem jus à cultura gaúcha. No auge dos 63 anos, ele abriu nesta semana a casa colonial que tem de tudo, desde salame, guampas a alpargatas de couro. Localizada no Bairro Vila Vilas Boas, a Mordomia é um pedacinho do Rio Grande do Sul dentro de Campo Grande.
Conhecido como ‘Chico Mordomia’, ele iniciou o negócio devido a outro empreendimento que tem. Em Campo Grande, Luiz serra e modela artesanalmente os chifres de boi que viram cabos de facas. “Eu corto e levo daqui para lá (Rio Grande do Sul). Há 20 anos faço isso. Quando íamos estava tudo carregado e quando voltávamos estava vazio. Aí comecei a trazer erva e vinho”, explica.
Em casa, ele sempre fez a comercialização dos produtos, porém neste ano resolveu usar um dos cômodos para montar a loja e investir na propaganda. Assim como a maioria dos clientes, Luiz é gaúcho legítimo. “Sou de Três de Maio. É perto das mulheres bonitas. Perto de Santa Rosa, da Xuxa (Meneghel), e Horizontina, da Gisele (Bündchen). Aí fica no meio das duas cidades”, ri.
No estabelecimento, o público encontra diversas opções de produtos, como salame, morcela, queijo colonial, parmesão, nata e banha. Em conversa, o local vende cebola, rabanete, picles, vagem e quiabo. Para quem gosta de doce, os potes de geleias trazem os sabores de laranja, abóbora com coco, morango com pimenta, abacaxi com pimenta e maga com maracujá. O melado de cana e as cucas também fazem parte do menu.
É claro que os vinhos não poderiam faltar, por isso, Luiz apostou na vinícola da cidade de Ametista. Com o rótulo da Jazida, as garrafas de vinho vão do tinto suave ao branco seco. As cachaças de alambique e licores de jabuticaba e hortelã são da marca Berígula.
Além das comidas e bebidas, a loja tem espaço para tábuas de madeira, chinelo campeiro, alpargatas de couro e corda, tapetes de couro e objetos decorativos feitos a base de pedras vindas de Ametista. Os grandes destaques e xodós do dono são as facas, guampas e copos de cachaça feitas com o chifre do boi. “Isso é tradição”, frisa ele sobre o trabalho artesanal.
Luiz conta que saiu da cidade natal e veio para Campo Grande com o objetivo de ajudar os familiares. “Vim trabalhar com os parentes na lavoura de soja, mas tive a loja Tradição Gaúcha em 1987 no Monte Líbano”, fala. Após vender o ponto para uma prima, ele passou a trabalhar com a marca de tereré Mordomia e posteriormente numa gravadora. “Eu levava os discos daqui pra lá (Rio Grande do Sul). Muitos anos trabalhei com isso”, diz.
Morando no Estado desde 1980, Luís comenta que só voltou para o lar gaúcho em 2002. "Fiquei 17 anos lá e faz cinco anos que voltei. Deu saudade, tinha deixado filho aqui e voltei". relata. Ao retornar pela última vez, ele trouxe os produtos coloniais junto e agora faz com que outros conterrâneos que continuem sentindo o sabor e vivendo a tradição do Rio Grande do Sul mesmo estando em Campo Grande.
A mordomia está localizada na Avenida Três Barras, 1159, casa 03, no Bairro Villas Boas. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h30. Aos sábados, das 8h às 12h.
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