Desesperado, proprietário de sítio em Rio Verde filma desmatamento em APA
Uma área de 80 ha já foi desmatada em área de preservação ambiental; proprietário rural conseguiu licença para a supressão vegetal
Em vídeo, o tom de Gilmar Mello proprietário de um sítio na região rural de Rio Verde, a 207 quilômetros de Campo Grande, é de desespero. Diante do iminente desmatamento de 140 hectares de mata, o sitiante pede ajuda.
“Essa mata toda vai cair, mata que protege o rio (Rio Verde). O rio está a menos de 50 metros e já temos o problema da estrada muito próxima ao rio”, alerta ele no começo do vídeo.
A filmagem foi feita no último sábado (13) quando já haviam sido derrubados 80 ha. Proprietários de sítios da região se mobilizaram para tentar interromper a ação.
Segundo Gilmar, os membros do Conselho Gestor de Meio Ambiente de Rio Verde deveriam ter sido consultados sobre o desmate, mas a Secretaria de Meio Ambiente do município, que preside o conselho, recebeu o documento do Imasul e permitiu a supressão vegetal de forma arbitrária.
“É uma APA (área de proteção ambiental), para qualquer atividade na APA, tem que mandar primeiro para o órgão gestor, para reunir o conselho e dar o parecer. Eu procurei o órgão e eles nem sabiam. Esconderam o documento”, diz Gilmar sobre o pedido de licença para desmatamento.
Conforme consta no Resumo Executivo do Plano de Manejo, a APA Municipal Sete Quedas do Rio Verde possui uma área de 18.825,4671 hectares e situa-se em uma microbacia com área aproximada de 22.000 hectares. Ainda, o documento cita que a APA “foi criada através de Decreto Municipal n° 800 de 18 de abril de 2005, com o objetivo de promover a proteção da paisagem de grande valor natural e cênico, a bacia hidrográfica do rio Verde e sua diversidade”.
O proprietário do sítio afirmou ao Campo Grande News que não pretende encontrar culpados, mas defende que uma nova análise seja feita. “Os documentos da APA não permitem nenhuma atividade agropecuária. Essa licença jamais poderia ter saído. Não pretendemos encontrar culpados, mas a culpa maior é da Secretaria de Meio Ambiente do município não reuniu conselho gestor”, protesta.
“Mesmo que vá desmatar, aqui só tem pedra e areia, não vai dar retorno nunca. O lugar está há 50 metros e tem um declive grande. Com o que vai sobrar, se chover, leva tudo. O balneário Sete Quedas vai sumir”, diz Gilmar que é proprietário do sítio Rancho da Princesa, vizinho ao balneário.
Gilmar ressalta que, apesar de não concordar com a ação do proprietário da área particular onde o desmatamento está sendo feito, ele não está errado, pois ele possui licença. "Errou quem deu a licença”, frisa.
Assista ao vídeo: