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Meio Ambiente

No Pantanal devastado, onça e jaguatirica dividem mesma sombra

Registro raro foi feito pelo Onçafari, na região de Miranda

Por Gustavo Bonotto | 19/08/2024 21:28
Onças-pintadas e jaguatirica dividem sombra em manilhas instaladas no Pantanal de Miranda. (Foto: Reprodução/Instagram)
Onças-pintadas e jaguatirica dividem sombra em manilhas instaladas no Pantanal de Miranda. (Foto: Reprodução/Instagram)

Duas onças e uma jaguatirica deixaram as diferenças de lado para dividir a sombra de uma manilha, no Pantanal de Miranda, município distante 208 quilômetros de Campo Grande, durante o fim de semana. O registro foi postado hoje (19), pelo projeto Onçafari.

Os machos Divino e Timburé, que são monitorados, foram encontrados dividindo uma dessas manilhas. Depois, um deles se deslocou para uma manilha ao lado, onde já estava uma jaguatirica. "Na luta pela sobrevivência, rosnaram um para o outro, mas logo se acalmaram, como se estabelecesse um 'acordo de paz' entre presa e predador", escreveu o projeto nas redes sociais.

O local onde as imagens foram gravadas, a Estância Caiman, teve 80% do território queimado pelos incêndios florestais. "Na hora do desespero, até os bichos se toleram para sobreviver. É triste, mas acontece. Isso nunca tinha sido registrado antes e está sim ligado ao fogo", explicou o biólogo Gustavo Figueirôa, que atua no Instituto SOS Pantanal.

Segundo o especialista, o fenômeno foi observado em outras espécies durante os incêndios de 2020. "Observamos o mesmo com cachorros-do-mato e lontras, por exemplo, que aguardavam pela água. E depois de beber, cada um seguia pelo seu caminho".

Apesar das chuvas que chegaram ao Pantanal nos últimos dias, o pico da seca no bioma segue entre os meses de setembro e outubro. Assim, há grande preocupação de que a temporada de incêndios deste ano possa superar a de 2020, que deixou um rastro de destruição ambiental com mais de 17 milhões de animais mortos.

No dia 10 de agosto as queimadas que atingem o Pantanal sul-mato-grossense fizeram mais uma vítima, a onça-pintada “Gaia”, que vivia na região da Estância Caiman. A morte da felina foi confirmada pelas redes sociais do Onçafari, que também apresentou um breve histórico dela.

A felina nasceu em 2013 e é filha da “Esperança”, mais uma onça que foi cuidada pelos biólogos. Gaia é trigêmeo e gerou pelo menos quatro filhotes. “Foi uma mãe incrível, uma avó incrível, ela deslumbrou centenas de hóspedes que visitaram a gente”.

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