Pela primeira vez, Pantanal recebe plantio de duas mil mudas de carandá
Depois de se preparar durante um ano, pesquisadores plantaram mais de 2 mil mudas e sementes de carandá em fazendas do Pantanal sul-mato-grossense, na região da Nhecolândia. O plantio, ocorrido em setembro, é inédito na região.
A ideia é acompanhar de perto o crescimento das árvores, repassando informações aos produtores rurais da região. A ação é resultado de uma parceria entre a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que desenvolvem o projeto Biomas.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Pantanal e coordenadora regional do projeto, Catia Urbanetz, é a primeira vez que o bioma recebe plantio de mudas de árvores nativas nessa escala. Para produzir as mudas, a equipe começou uma coleta de sementes em agosto do ano passado. Foram coletadas mais de 150 mil sementes para se chegar às 27 mil mudas. A partir de março deste ano, elas foram plantadas em tubetes de plástico e mantidas em um viveiro construído no campo experimental da Embrapa Pantanal, na fazenda Nhumirim.
Entre as plantas cultivadas no viveiro existem guanandis, tarumãs, cumbarus, manduvis, aroeiras, jatobás, piúvas ou ipês roxos e várias outras espécies. De acordo com o engenheiro florestal, Gustavo Ibarreche, as árvores que deram origem a essas mudas foram escolhidas com cuidado para assegurar a saúde das plantas. "Escolhemos árvores sadias, sem doenças, com sementes bem formadas. Sempre buscamos, no mínimo, dez matrizes diferentes para assegurar a variabilidade genética", explica.
Expectativa - Catia conta que os pesquisadores desenvolveram uma técnica para fazer as sementes de carandá germinarem em apenas uma semana, em comparação ao período de dois a quatro meses necessários para esse processo. "Se as sementes plantadas tiverem sucesso em campo, recomendaremos o plantio direto de sementes, poupando os 12 meses necessários para a produção das mudas, o que diminuiria os custos do processo", esclarece.
O desenvolvimento das mudas será acompanhado e os estudos e técnicas de plantio desenvolvidas pelo projeto serão transformadas em cartilhas e cursos online. Técnicos do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) serão capacitados para divulgar essas informações aos produtores.
"Muitos fazendeiros utilizam o recurso natural madeireiro que já existe em suas propriedades, mas nunca o repõem. Um dia, ele poderá acabar", afirma Catia. Além dos aspectos econômicos, a pesquisa do Projeto deve favorecer ainda a preservação e a sustentabilidade nas propriedades rurais pantaneiras.
“O projeto mostra para o produtor que ele pode separar uma área para plantar árvores, usando a madeira para a manutenção da fazenda, de cercas, porteiras ou até para outras finalidades, como a comercialização do material”, afirma o engenheiro florestal Gustavo Ibarreche.