Pesque e solte garante turismo e preservação ao Pantanal
Entidades ligadas ao meio ambiente se uniram para conscientizar turistas e moradores da região pantaneira
Nas últimas quatro décadas, mudança de comportamento liderada por entidades ligadas ao meio ambiente fez com que a prática conhecida como pesque e solte ganhasse espaço na região pantaneira, em Corumbá, distante 419 km de Campo Grande.
Ângelo Rabelo, presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), conta que a iniciativa ganhou ainda mais força recentemente: "Desde 2021, houve uma mudança brusca no pensamento para que a gente começasse a fomentar o pesque e solte".
Ele explica que antes, cada turista levava em torno de 50 kg de pescado do Pantanal, praticando pesca esportiva, mas com o incentivo ao pesque e solte isso vem mudando: "A ideia nossa é fazer com que o peixe não saia daqui".
A Acert (Associação Corumbaense das Empresas de Turismo) também incentiva a modalidade na região e segundo Silvio de Andrade, assessor da entidade, isso aconteceu independentemente da legislação: "Quem vem multiplica a ideia. O turista vem em família ao Pantanal e está mais preocupado com a emoção de fisgar um peixe e com a natureza do que praticar o extrativismo".
Sílvio de Andrade reforça que para se ter um futuro no Pantanal, é necessário seguir hábitos sustentáveis. "Precisamos manter a integridade dos ambientes, monitorar a pesca com dados de quantidade e qualidade para programarmos o futuro e unir os diversos interesses na atividade, com o comprometimento efetivo de todos os agentes envolvidos".
Turismo - No começo de fevereiro, a cidade sediou o Fipec 2023 (Festival Internacional de Pesca Esportiva de Corumbá), no qual o pesque e solte ganhou ainda mais espaço. De acordo com o representante da Fundação, Carlos Espíndola, 80% dos hotéis ficaram lotados. O município conta com cerca de 30 hotéis e 22 barcos-hotéis, que juntos oferecem cerca de 2,3 mil leitos, segundo a Fundação de Turismo do Pantanal.
Ambiente - "A pesca esportiva pode interferir negativamente no ambiente se realizada de maneira inadequada e não prezada pelo bem-estar dos peixes", conforme explica o biólogo e ictiólogo (especialista em peixes) Diego Zoccal Garcia. Ele ainda informa que pode haver um desequilíbrio da cadeia alimentar.
No entanto, a pesca se feita de maneira correta, no formato pesque e solte, reduz danos ao meio ambiente. "Recomenda-se que o anzol utilizado seja sem fisga. O uso de garateias, por exemplo, é perigoso e causam danos à boca, aos olhos e outras partes do animal.
Peixes capturados com anzol inadequado podem ficar com lesões permanentes na boca e assim ficam com dificuldade de se alimentar ou param totalmente e morrem de desnutrição", informa Zoccal. Ele também destaca que o peixe deve ficar o menor tempo possível fora da água, a fim de causar o mínimo de estresse.