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Meio Ambiente

"Salvava o caminhão ou a ponte", diz bombeiro sobre desafios do fogo no Pantanal

Quarenta militares voltaram para casa após 15 dias, enquanto outro grupo assume o combate aos incêndios

Por Gustavo Bonotto e Gabriela Couto, enviada especial a Corumbá | 25/06/2024 22:16
Militares deixam pátio da base avançada do Corpo de Bombeiros, em Corumbá. (Foto: Alex Machado)
Militares deixam pátio da base avançada do Corpo de Bombeiros, em Corumbá. (Foto: Alex Machado)

Equipes do Corpo de Bombeiros que trocaram seus postos, na tarde desta terça-feira (25), já pensam em voltar a combater os incêndios ambientais que assolam o bioma pantaneiro. Hoje, um grupo de 40 militares fez a troca de ciclo depois de 15 dias de extenso trabalho no município de Corumbá, a 428 quilômetros de Campo Grande.

Esse foi o caso do sargento Elcio Matheus Barbosa, de 40 anos. À reportagem, ele contou que estava no seu segundo ciclo do ano. Natural de Nova Andradina, o militar deve chegar em casa por volta das 3h de quarta-feira (26).

Voluntário especialista em incêndios, Elcio faz isso por amor à profissão. Classificou os últimos dias como ‘intensos, cansativos e desafiadores’ por conta das questões climáticas. Chegou a enfrentar ventos de 65 km/h no dia em que a ponte que liga a Estrada Parque até a MS-228 foi consumida pelas chamas.

“Defendi todas as pontes, mas perdemos a batalha do dia. A equipe teve que priorizar, retirar o caminhão que estava no meio da área queimada. Pensamos que aquele veículo era tudo que a pessoa tinha. Até retirar ele do local não conseguimos evitar o fogo na ponte”, lamentou.

Nos últimos dias, o sargento chegou a ficar dias sem tomar banho para fazer combate das 5h às 21h, deixando até de almoçar. A parte mais triste, segundo ele, foi ver cobras e jacarés mortos. “Teve um momento que uma cobra saiu [da área de fogo] e ela não sabia o que fazer. Olhava para o fogo, olhava para a gente... Eu peguei um pedaço de madeira e joguei-a para longe", discorreu.

Jonas Pedro Teixeira, 32 anos, participou da instalação de uma das bases avançadas no mês passado, na barragem do São Lourenço, uma das mais remotas que o Corpo de Bombeiros já construiu. Para este ciclo confessa que viu os focos aumentarem muito e atuou em mais de cinco frentes.

“É gratificante. O cansaço existe, mas sabemos que é tão importante estar na missão. Ficamos felizes de poder ver mais animais vivos do que mortos desta vez”, disse o militar que chegou a 22 horas seguidas de combate às chamas.

Com sorriso no rosto, Marcelly descreveu dias intensos de trabalho. (Foto: Alex Machado)
Com sorriso no rosto, Marcelly descreveu dias intensos de trabalho. (Foto: Alex Machado)

Haviam apenas três mulheres neste ciclo. Uma delas era Marcelly Luany de Souza Oliveira, 31 de idade. Está há três anos seguidos atuando nos incêndios florestais do Pantanal. À reportagem, a militar destacou que a prioridade é salvar animais e propriedades.

"A gente acompanha os fazendeiros contando as perdas. Por isso queremos salvar o maior número possível de vida e material. Mas infelizmente vimos algumas vacas mortas queimadas”.

Casal de veados circulou por área verde ao fugir de incêndio. (Foto: Eleandro Pereira)
Casal de veados circulou por área verde ao fugir de incêndio. (Foto: Eleandro Pereira)

Outro militar, Eleandro Pereira, 41 de idade, ficou 31 dias seguidos em meio a fumaça densa. A caminho de Batayporã, destacou que ficou dois dias sem dormir para apagar o fogo.

Contou com a ajuda de fazendeiros para emprestar maquinário e abrir aceiros, o que foi possível registrar uma família de veados campeiros usando o caminho entre a floresta para fugir da fumaça.

"Mas ainda vi muitos animais mortos, como cobras afugentando. Sempre voltei e devo voltar de novo porque esse é o nosso Pantanal. A gente que veste a farda e vem uma vez, quer voltar de novo. É uma forma de ajudar", finalizou.

Confira a galeria de imagens:

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