Substituição de supercomputador pode causar apagão de dados climáticos em MS
Troca de equipamento servirá apenas como medida paliativa para a emissão de dados climáticos e hídricos
O supercomputador Tupã, única ferramenta utilizada no monitoramento do clima e previsão de estiagens no País, está com os dias contados. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), o equipamento, que já está obsoleto, será desligado e substituído em agosto. Porém a troca não garante a eficiência na emissão de dados climáticos no País e pode causar um apagão de dados climáticos de Mato Grosso do Sul.
Adquirido em 2010, o Tupã custou aproximadamente R$ 50 milhões. Atualmente o supercomputador é utilizado na elaboração de previsões de tempo e clima, tratamento e coleta de dados meteorológicos, emissão de alertas climáticos e também na área de pesquisa e desenvolvimento científico.
De acordo com o coordenador-geral de Ciências da Terra do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), Gilvan Sampaio de Oliveira, apesar de todas as funcionalidades, com o passar dos anos, a máquina ficou obsoleta e chegou a parar de funcionar em 2017, colocando em risco os serviços meteorológicos do país. De forma emergencial o instituto conseguiu uma atualização que gerou “sobrevida” à máquina, mas que desta vez o Tupã precisará se aposentar.
Ao Campo Grande News, Gilvan Sampaio, informou que a partir de recursos obtidos com a PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), da ONU, o instituto adquiriu um novo equipamento, porém o substituto não apresenta o mesmo desempenho do supercomputador. A previsão de entrega do novo equipamento é de 60 dias.
“O novo equipamento servirá apenas como uma medida paliativa somente para manter os serviços atuais em funcionamento. O que realmente precisamos é de recursos para adquirir uma máquina de grande para avancemos mais rapidamente em todo meteorologia”, informou.
Segundo o profissional do Inpe, um novo supercomputador, com a mais alta tecnologia disponível, seria possível prever variações climáticas com muito mais detalhes e precisão. Como por exemplo saber o bairro e horário exato em que uma adversidade poderia acontecer.
Por não se tratar de uma tecnologia de ponta, o novo supercomputador está sujeito a eventuais problemas de desempenho, o que poderia gerar um apagão de dados sobre as condições climáticas e piorar ainda mais os riscos de uma crise hídrica, eminente em Mato Grosso do Sul e em outros estados.
“Por enquanto equipamento substituto comportará todos os serviços do Tupã, mas em um futuro não muito distante, caso haja adversidades ou problemas técnicos, poderia impossibilitar uma previsão de estiagem por exemplo, impossibilitando também a definição de estratégias mais adequadas para a crise hídrica”, informou Gilvan.
Crise hídrica - Mato Grosso do Sul e outros 4 estados devem ter a pior seca em 91 anos. A falta de chuvas atual já é considerada severa. De acordo com o coordenador-geral de Ciências da Terra do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), Gilvan Sampaio de Oliveira, a estiagem deve piorar entre os meses de julho, agosto e setembro.
O alerta de seca vale para os estados que se localizam na bacia do Rio Paraná: São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná.