Governo garante que não vai faltar água apesar de situação hídrica ser crítica
Metade dos reservatórios das hidrelétricas que abastecem a região apresentou pior nível desde 1999
O secretário da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, emitiu nota sobre a decisão da ANA (Agência Nacional de Águas) de declarar Situação Crítica de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos na Região Hidrográfica do Paraná.
Segundo ele, não há preocupação com relação à falta de água, mas o Estado está em alerta e poderá adotar medidas restritivas do uso da água para evitar a falta de abastecimento futuro.
“Com a decretação de crise hídrica abre-se a possibilidade de que o governo tome ações restritivas quanto ao uso múltiplo da água. Vai exigir uma ação coordenada entre esses vários estados [da Bacia do Rio Paraná] para tomada de decisão em relação ao uso da água e se pode culminar num processo de racionamento de energia ou pelo menos de políticas específicas para que a população seja alertada quanto à necessidade de buscarmos redução no consumo de energia elétrica e de água para que se consiga manter o equilíbrio entre os usos múltiplos, que são a navegabilidade, geração de energia, irrigação e abastecimento humano”, elencou Verruck.
Apesar da baixa vazão registrada, não é esperado neste momento a falta de água para os usos consuntivos, como o abastecimento humano e a irrigação. As vazões ainda são suficientes para atender a esses usos em termos de quantidade de água.
No entanto, poderão ser necessárias adaptações nas estruturas de captação de água para se adaptarem ao nível, que poderá ficar mais baixo, especialmente nos principais reservatórios da região, evitando a interrupção do seu funcionamento.
O destaque fica por conta de prováveis impactos na geração hidrelétrica, turismo, lazer e navegação. A estiagem reduziu muito os níveis de armazenamento dos reservatórios, impactando na redução dos níveis d’água ao longo do período seco.
Bacia do Rio Paraná - Metade do território de Mato Grosso do Sul pertence à Bacia do Rio Paraná, que engloba ainda partes de São Paulo, Paraná, Goiás e Minas Gerais. A ANA explica que, com a decretação da Situação Crítica, “após a análise de cada situação, poderão ser adotadas medidas, como regras de operação temporárias para os reservatórios para a preservação dos seus volumes”.
A Região Hidrográfica do Paraná passa por um déficit de precipitações severo desde outubro de 2019. Conforme acompanhamento da ANA, diversos locais da região registraram vazões baixas a extremamente baixas tanto em 2019 quanto no período chuvoso de 2020/2021, quando foram registradas as menores vazões afluentes que chegam a alguns reservatórios representativos da região dos últimos cinco anos.
Em Porto Primavera, divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, por exemplo, as vazões afluentes em maio de 2021 foram as menores de todo o histórico de 91 anos.
Quanto aos volumes armazenados nos reservatórios, em 1º de maio, sete dos 14 principais reservatórios de hidrelétricas da região estavam com seu pior nível desde 1999. E os demais estavam com níveis entre os cinco piores desse período.
Com relação à geração hidrelétrica, o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) já reconheceu em sua 248ª Reunião Extraordinária, em 27 de maio, o risco de comprometimento da geração elétrica para atendimento ao SIN (Sistema Interligado Nacional). Quanto à navegação, também deverá haver impacto devido à redução dos níveis dos reservatórios de hidrelétricas, especialmente sobre a hidrovia Tietê-Paraná, que depende da manutenção de um nível mínimo nos reservatórios de Ilha Solteira (MS/SP) e Três Irmãos (SP). Há uma tendência de redução desse nível com possibilidade de interrupção da hidrovia.