Volume de lixo cresce 7% na década: cada morador produz quase 1 quilo por dia
No ano passado, foram coletadas 874 toneladas de resíduos diariamente em Campo Grande
A produção de lixo segue a todo vapor em Campo Grande, com crescimento de 7% por mês em quase uma década, a partir do comparativo entre 2013 e 2022. Por dia, cada morador da cidade produz quase um quilo de resíduos. A situação se mostra visível nas lixeiras pela cidade, abarrotadas de materiais que, inclusive, são passíveis de reciclagem.
Aliás, foi visualizando as lixeiras na manhã desta sexta-feira (dia 14), que a recepcionista Ilza de Oliveira, 52 anos, se surpreendeu com a quantidade de embalagens que descartamos no dia a dia.
“Agora a pouco, estava olhando a lixeira e conversando com a minha amiga sobre como a gente não junta dinheiro, mas junta lixo. Aumentou muito, não dá para entender. Ontem, minha filha pediu um copo de açaí por aplicativo de comida. Além do copo e da embalagem, veio guardanapo fora, outro guardanapo dentro, uma colher de plástico embalada em outro guardanapo e um bilhetinho agradecendo a compra. Vou guardar tudo isso? Não, então é lixo”, diz Ilza, moradora no Bairro Maria Aparecida Pedrossian.
A coleta de lixo domiciliar é feita três vezes na semana – segunda, quarta e sexta-feira -, e a cada passagem do caminhão, ela e a família descartam seis sacolinhas plásticas com resíduos. Ilza conta que destina as roupas para doação, enquanto as latinhas de alumínio são entregues para catador de material reciclável.
A dona de casa Claudelice dos Santos, 59 anos, conta que também percebeu que há maior volume de lixo. “Aqui em casa, com certeza aumentou. Temos cachorro e retiramos lixo todos os dias. Mas tem medidas mais sustentáveis, como o mercado que não tem mais sacolinhas”, afirma. Por semana, ela descarta seis sacos de lixo .
Cleuza Maria da Silva, 56 anos, cuidadora, conta que descarta três sacos de lixo de 30 litros por semana. “É pouco porque eu e minha filha comemos muito fora. Quando a gente cozinha em casa, tem mais resíduos. Hoje, vem mais embalagens nas coisas”.
Toneladas por dia - Na rota do lixo, o material recolhido nas sete regiões urbanas da Capital é levado para o Aterro Sanitário Dom Antônio Barbosa II, na saída para Sidrolândia. A destinação adequada dos resíduos substituiu o lixão, que surgiu em 1984 e ficou quase 30 anos em atividade na mesma região. Atualmente, o aterro está com cerca de 92% da sua capacidade preenchida. Já o novo aterro segue na etapa de licenciamento ambiental.
De acordo com a CG Solurb, que venceu a licitação bilionária para gestão dos resíduos sólidos, considerando o mais antigo e o mais recente ano com todos os 12 meses atendidos pela concessionária, ou seja, 2013 e 2022, houve um aumento de cerca de 7% na quantidade de resíduos sólidos domiciliares coletada.
No ano passado, em média, foram coletadas 874,53 toneladas de resíduos sólidos domiciliares por dia em Campo Grande. Desta forma, “considerando a última estimativa populacional do IBGE, a geração per capita em Campo Grande é de 0,955 kg/(habitante/dia)”, informa a CG Solurb.
Em 2011, a produção anual do lixo em Campo Grande chegou a 252 mil toneladas. Se empilhado, o montante resultaria em 42 prédios de 18 andares.
Os caminhos para redução do lixo passam pelos 5 “R”: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Para redução, as orientações são evitar empacotamentos desnecessários, levando sua própria bolsa de compras; preferir produtos com embalagens recicláveis; comprar produtos duráveis e resistentes, e alimentos frescos não embalados; planejar bem as compras para não haver desperdício; evitar produtos descartáveis; e preferir embalagens retornáveis.
Já no campo de reutilizar, as condutas sugeridas são: separar sacolas, sacos de papel, vidros, caixas de ovos e papel de embrulho que podem ser reutilizados; usar para rascunho o verso de folhas de papel já utilizadas; pensar em restaurar e conservar, antes de jogar fora; preferir coador de café não descartável; doar roupas, móveis, aparelhos domésticos, brinquedos que possam ser reaproveitados por outros; levar seu lanche ou almoço em recipientes reutilizáveis e não em invólucros descartáveis.