Todo mundo que ama passa pelo luto, mas não precisa sofrer sozinho
Psicóloga Raissa Ferreira traz maneiras de enfrentar esse sentimento e revela a urgência de falar sobre o luto
Assista o nono episódio completo do EpiMania abaixo:
O nono episódio do EpiMania, podcast do Campo Grande News, trouxe à tona o tema do luto, um assunto sensível e relevante. No Brasil, o termo "luto" é pesquisado, em média, mais de 4 milhões de vezes por ano, segundo dados da plataforma Semrush. Esses números revelam a urgência de discutir o tema, especialmente no que diz respeito às diferentes formas de enfrentá-lo.
Com o objetivo de desmistificar esse processo, Gabi Cenciarelli e Lucas Mamédio receberam a psicóloga Raissa Ramos Ferreira Pedroli, especialista em intervenções relacionadas ao luto. Para a profissional, o luto é um sentimento universal, já que "todas as pessoas que amam passam por ele", afirma.
Um ponto central da conversa foi a visão equivocada da sociedade sobre o que é considerado luto "legítimo". Em geral, as pessoas associam esse processo exclusivamente à perda de um ente querido, mas Raissa, que lida com o tema diariamente em sua prática clínica, ressalta que o luto vai além disso.
"O luto é uma ruptura com o mundo que conhecemos, com algo que era constante e presente em nossas vidas. Geralmente, falamos de luto pela perda de uma pessoa amada, mas ele pode surgir em outras situações, como a morte de um pet, amputação de membros ou até o diagnóstico de uma doença incurável. O luto é, essencialmente, a dor da perda", explica a psicóloga.
Ainda durante a conversa, discutiu-se a possibilidade de "superação" do luto e como seguir em frente após uma perda. Para Raissa, um dos maiores estigmas em relação ao tratamento do luto é o fato de que ninguém gosta de falar sobre a morte, pois as pessoas tendem a evitar o tema da finitude da vida.
Mesmo assim, ela ressalta que é fundamental discutir o assunto. "Nós não superamos o luto, nós o enfrentamos e aprendemos a lidar com ele. Existe a questão da culpa, e a sociedade está cheia de cobranças e prazos sobre quanto tempo é considerado 'correto'. Há uma pressão social por uma melhora muito rápida, algo que precisa ser discutido para que possamos lidar melhor com o problema", explica a psicóloga.
Outro ponto abordado no episódio foram as diferentes formas de enfrentar o luto. Antigamente, os profissionais da área definiam fases específicas pelas quais o enlutado passava, mas hoje essa visão mudou.
A psicóloga comparou o luto a uma montanha-russa, com dias melhores e piores, sem linearidade ou regras rígidas. "É comum sentir raiva, medo, apatia, mas também é comum experimentar um luto mais agitado. No mesmo dia, a pessoa já volta ao trabalho e age como se nada tivesse acontecido, numa tentativa de não enlouquecer. Tudo isso é válido, não existe certo ou errado no processo de luto", explicou a especialista.
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