Bernal rebate críticas de Cury e diz que intenção é "acobertar" situações
O ex-prefeito Alcides Bernal (PP) rebateu hoje, através de nota, as críticas do coordenador do SAMU (Serviço Médico de Urgência), Eduardo Cury, de que o déficit de leitos em Campo Grande foi agravado pela política de saúde pública adotada na gestão passada, bem como equívocos na pactuação com hospital e na regionalização das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
Para Bernal, o chefe municipal do Samu agiu “de forma irresponsável e com o objetivo de acobertar situações como a que é investigado, sob suspeita de receber mais de R$ 600 mil dos cofres públicos sem ter trabalhado”. Além disso, seria uma tentativa de transferir ao ex-prefeito os problemas que a população enfrenta na saúde, apesar do mesmo estar há mais de 90 dias afastado do Executivo municipal.
Na nota, o ex-prefeito lembra que teve de combater a dengue logo no começo do seu mandato, mas que mesmo assim implantou programas que trouxeram importante resultados ao município e uma política de saúde preventiva, oposta a política “hospitalcrática” que teria sido vivenciada pela população durante as administrações anteriores. Salienta ainda que implantou o programa Fila Zero, que teria acabado com a demanda reprimida em diversas especialidades médicas, e o Consulta Única, com ações que diz serem inovadoras de atendimento à mulher. “E, a reconhecida Unidade Móvel, que contribuiu para reduzir a espera de pacientes nas Unidades de Saúde”, acrescentou.
Alcides Bernal afirmou também que foi em sua gestão que “as UPAS foram qualificadas e habilitadas, sendo os leitos desativados posteriormente, na atual administração, na qual o coordenador do Samu faz parte diretamente”. Portarias do Ministério da Saúde teriam certificam que as unidades de saúde estavam em perfeitas condições de uso.
Cury contesta – O chefe do SAMU, Eduardo Cury, contestou as informações divulgadas pelo ex-prefeito Alcides Bernal através de nota. “Ele mexe com a única coisa que tenho valor na vida. Eu pago aluguel, meu carro é financiado. Nunca dei importância para as coisas de bens de consumo, mas tive prazer de formar três homens, um juiz de direito, outro professor de cirurgia plástica e terceiro advogado de renome”, afirmou Cury em tom de desabafo, ao negar que tenha sido “fantasma” em sua atividade no serviço público e recebido indevidamente R$ 600 mil. “Pegou na veia quando me chamou de fantasma. Plantões meus foram muitos”, acrescentou.
Para Cury, esse debate com Bernal é cheio de rasteirices. “É difícil porque na verdade ele mente. É conhecido por aplicar mentiras o tempo todo. Com relação à denuncia, ele não teve coragem de terminar apuração dos fatos. A sindicância foi suspensa por ele por 235 dias. Quando perceberam que aquilo que eles estavam me acusando não tinha base e perderiam, pararam”, afirmou o médico.
Apesar disso, Eduardo Cury informou que fez solicitação ao atual secretário de Saúde, Jamal Salem, para que não cancelasse, porque “documentos já davam indicio de manipulação da sindicância”. Salem falado em dar parecer, mas o médico diz que não aceitou porque quer análise da Procuradoria-Geral do Município e depois do Ministério Público. “Já posso te garantir que terminou a sindicância e ela me inocenta. Mas fiz mais um pedido que fosse para PGM e depois para o Ministério Público. Não vou ficar refém de pessoas mal intencionadas e vulgares como ele e equipe de saúde dele”, declarou.
Segundo ele, essas afirmações de Bernal terão descobramento criminal. “Ele mão pode me acusar disso. Vai ser responsabilizado criminalmente. Essa acusação foi simplesmente uma forma de me punir pelas denúncias que fiz na área de saúde. Aliás nunca me escondi dele, sempre o enfrentei sozinho. Era prefeito em outubro, quando me encontrei tanto ele quanto com o Ivandro, que é leigo em saúde, e em nenhum momento vieram me contestar”, afirmou.
Com relação ações de Bernal na área de saúde, Cury reafirmou suas críticas à centralização. “Ele fez o que não se pode fazer, que é a centralização da saúde. O princípio do SUS é a descentralização. Na gestão dele começamos a ter um ou dois centros de saúde com pediatra, enquanto antes eram em quase todos”, apontou. “Na gestão de Bernal centralizou só no Coronel Antonino”, comparou.
Quanto à “Consulta Única”, na opinião de Cury, não é estratégia em saúde pública e a “Unidade Movel” teria sido uma “vergonha” em razão dos supersalários de plantonistas. “Inclusive irmão do secretário-adjunto deveria apresentar seus últimos holerites para ver se é compatível com serviço de saúde estadual e federal”, condenou o médico.
Em relação às UPAs, o chefe do SAMU afirma que Bernal não conseguiu recursos, mas sim as vendeu. “Isso não foi feito nas gestão anteriores porque os prefeitos foram mais inteligentes. Recurso que vem por UPAs é insuficiente diante da demanda que vem dos outros municípios para cá”, declarou. “O Ministério da Saúde exigiu que viesse cidades do interior usando o fato de não ter habitantes suficiente, o que é mentira”, acusou, observando que o nível 3 exige até 150 mil habitantes e Campo Grande tem quase 800 mil.