Conflito de índios e fazendeiros em Caarapó provoca discussão entre senadores
O conflito entre indígenas e produtores rurais em Caarapó, cidade distante 283 km de Campo Grande, provocou discussão acalorada entre os senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Waldemir Moka (PMDB-MS) no plenário do Senado nesta terça-feira (14). O amapaense acusou produtores de atacarem grupo indígena, causando uma morte, e o sul-mato-grossense disse que o colega estava espalhando informações equivocadas.
De acordo com informações da Agência Senado, João Capiberibe afirmou que um grupo de fazendeiros atacou índios em uma propriedade rural invadida durante ação que deixou um morto e cinco feridos. Na opinião do senador amapaense, o acontecimento reproduz “massacres” de populações indígenas em conflitos fundiários no Brasil.
Segundo a Agência Senado, Capiberibe frisou que o Estado brasileiro não pode continuar a permitir situações como essa. Ele fez apelo ao ministro da Justiça, já que os conflitos continuam e é possível que haja mais mortos.
Em contrapartida, Moka interviu e disse que as informações não estavam certas, pois segundo ele, caminhão tentou romper barreira erguida pelos índios nas imediações da propriedade invadida e acabou atropelando um grupo. Depois disso, de acordo com informações da Agência Senado, o senador relatou que os índios agrediram policiais e depredaram posto de polícia.
“São informações de quem não mora no Estado e, portanto, não tem condição de afirmar aqui. Essa não é a realidade do meu Estado. Há um conflito, não temos todas as informações e eu fui muito cauteloso antes de vir aqui. Se tem alguém que defende as indenizações há muito tempo, para evitar esse tipo de conflito, sou eu”, observou Moka.
Waldemir Moka ainda destacou que os produtores rurais do Estado são donos legítimos de suas propriedades e só aceitarão sair delas com as indenizações.
Já a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) destacou que a proposta que garante as indenizações (PEC 71/2011) está parada na Câmara dos Deputados desde o ano passado, quando foi aprovada pelo Senado. Ela ressaltou que em Mato Grosso do Sul, tanto os indígenas quanto os produtores rurais estão de acordo com os termos da transferência das terras, e cobrou que a medida seja posta em prática “sem ideologias ou politicagem”.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também disse que é preciso haver melhor articulação e entendimento entre a Câmara e o Senado para agilizar, nas duas Casas, a tramitação de matérias importantes.