Eleições polarizadas tiram o brilho de quem vai votar pela 1ª vez
Adolescentes reclamam que não têm opção e se dividem em quem vai na onda dos pais ou decide por conta própria
O ano deveria ser um primeiro passo de responsabilidade na vida adulta, mas a polarização na política nacional ofusca a estreia do titulo eleitoral entre os adolescentes. Para quem tem 16 anos, e vai às urnas pela primeira vez este ano, o cenário é de desesperança e falta de alternativas viáveis.
Para o estudante Luiz Henrique Lazari, de 16 anos, o cenário amplo de divergência entre direita e esquerda é um balde de água fria. " Eu vou votar, mas estou sem esperança, não me vejo compactuando com nenhum dos dois lados (Lula ou Bolsonaro). Então, sabendo que mesmo se eu não escolher nenhum dos dois não tem outra opção melhor, me deixa muito desesperançoso", define.
A 13 dias das eleições, o estudante ainda não conseguiu escolher o voto, mas avalia que os eleitores deveriam estudar mais a fundo, os projetos apresentados pelos candidatos. "Eu não estou levando tanto em consideração o voto dos meus pais. Acho que eles, assim como outras pessoas, não se importam tanto com as propostas, e sim com o que o candidato representa para o trabalho e vínculo social deles", disse.
Enfático, ele conta ainda, que evita assistir vídeos de candidatos pela internet para evitar a parcialidade, e na hora de pensar do voto que lançará nas urnas, ele procura um a um em canais específicos.
Assim como ele, o amigo G. S, de 16 anos, também diz que o momento é de "impotência total. É tanta polarização que você não consegue nem conversar com as pessoas com opiniões diferentes das suas. As pessoas estão muito rígidas, impossível dialogar. Eu, particularmente, vou procurar uma terceira via", destaca.
Na contramão- Apesar dos embates, Raul de Oliveira Rodrigues, 16, preferiu seguir a ideologia dos pais. Convicto, ele já decidiu o nome de quem vai representá-lo no Palácio do Planalto a partir do próximo ano.
"Já tenho uma ideia precisa, mas alguns ainda estão querendo votar em quem os amigos vão votar e isso me da muita insegurança e bastante medo do futuro do país. Tive a sorte de já ter a minha opinião antes mesmo de vídeos começarem a circular em redes sociais, porque esse consumo de conteúdo na internet deixa a pessoa alienada", avalia.
Na mesma linha, Bruna Rodrigues, 16 anos, diz que começou a estudar política e entendeu que o candidato dos pais era o que melhor a definia, em consenso com o que tem visto em sala, âmbito nacional e familiar. "Olho todos os lados, estudei bastante e vejo vídeos de ambas as partes", comenta.
Novos eleitores- Dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), revelam que Mato Grosso do Sul deve ter 10,1 mil novos eleitores na faixa etária de 16 a 18 anos nessas eleições. Em 2021, apenas quatro adolescentes de 15 anos pediram a emissão do Título de Eleitor.
O número tem bastante influência das plataformas digitais. Próximo ao fim do prazo, em (4) de maio, alguns artistas se manifestaram em prol de mais adeptos ao título, como as cantoras Anitta, Juliette, Luíza Sonza, Zeca Pagodinho e também o comediante Whindersson Nunes, a fim de levarem a nova geração a exercer a cidadania.