ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, QUARTA  08    CAMPO GRANDE 32º

Política

Estados pressionam por retirada de veto que promove retrocesso digital no País

Acordo de líderes pauta dez vetos para serem votados ainda hoje com objetivo de destrancar a pauta

Gabriela Couto | 19/04/2021 16:07

Governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e Secretário da Semagro, Jaime Verruk, estão preocupados com manutenção do Veto 50 que pode impactar na desburocratização digital (Foto Saul Schramm)
Governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e Secretário da Semagro, Jaime Verruk, estão preocupados com manutenção do Veto 50 que pode impactar na desburocratização digital (Foto Saul Schramm)

Um dos dez vetos que estão trancando a pauta do Congresso Nacional e que pode ser aprovado sem a devida discussão na sessão de hoje (19), em Brasília (DF) é o chamado Veto 50, aplicado à Medida Provisória 983/20, que tratam da relação dos estados com tecnologia.

A reclamação é que, se isso ocorrer, os serviços digitais do governo, como o auxílio emergencial, Carteira de Trabalho Digital, Seguro Desemprego e a Carteira Digital de Trânsito, serão extintos. Todo o trabalho de digitalização feito nos últimos anos será jogado por água abaixo.

Os parlamentares vão votar pela manutenção dos itens 001 a 005 desse veto que podem impactar na Lei 14.063/2020 responsável pela regulamentação do uso de assinaturas eletrônicas em interações com entes públicos, em atos de pessoas jurídicas e em questões de saúde e sobre as licenças de softwares desenvolvidos por entes públicos.

O nome pode parecer estranho, mas o assunto é muito importante. O governo federal quer retirar emendas que garantam o processo de desburocratização. Uma manobra de secretários estaduais é feita nesta tarde com as bancadas federais para que o texto seja retirado da pauta do acordo de líderes. Eles votam pela manutenção do veto.

Para o secretário da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul), Jaime Verruk, a proposta tem que ser debatida melhor. “O veto está passando meio despercebido e pode impactar diretamente na vida das pessoas. Por isso estamos nos mobilizando”, revelou.

Dentro do levantamento apresentado pelo movimento dos gestores estaduais estão vários pontos relevantes. A prova de vida digital  deixaria de existir e mais de 7 milhões de aposentados do INSS, que hoje podem fazer o procedimento pelo celular, sem sair de casa e sem se arriscar nas agências bancárias, teriam de voltar a fazer pelo processo presencial.

Mais de 30 milhões de aposentados perderão o acesso aos serviços digitais do INSS e terão que se expor em filas nas agências, tudo isso em plena pandemia. Já a Receita Federal poderá retroceder 20 anos e limitar o envio da declaração de IR pela internet, que recebe mais de 30 milhões de declarações todos os anos. O cidadão terá que pagar R$ 100 por ano para ter um certificado digital para poder enviar a sua declaração de IR de forma online.

Também acabaria completamente a transferência eletrônica de veículos, aprovada pelos órgãos de trânsito. Todos serão novamente obrigados a pegar fila nos cartórios e nos DETRANs.

Além disso, todos os servidores públicos federais, estaduais e municipais deverão usar certificado digital. O impacto é de R$ 1 bilhão por ano para os cofres públicos. Haveria ainda limitação do acesso aos serviços públicos digitais a apenas 2% da população, já que, em 20 anos, o certificado digital só chegou a 4,8 milhões de brasileiros. Atualmente, mais de 98 milhões que acessam o GOV.BR, gratuitamente.

Apenas empresários com certificado digital poderão usar serviços como Anuência de Exportação e Importação pela Anvisa, Autorização Especial de Produtos de Saúde e o pedido para Assegurar o Abastecimento Durante a covid-19.

Todos os livros fiscais e contábeis das empresas precisarão ser assinados com os certificados digitais do contador e do empresário, o que impactaria 20 milhões de empresas ativas com custo de R$ 2 bilhões ao ano.

Por último, todos os empreendedores precisarão investir R$ 100 por ano para abrir e movimentar as suas empresas. Somente em março, 165 mil foram beneficiados com a simplificação dessas transações em razão da Lei 14.063/2020.

Nos siga no Google Notícias