Grupo de João Amorim fraudava declarações para sonegar impostos
Além de fraudar as medições dos serviços rodoviários e as licitações, o grupo comandado por João Alberto Krampe Amorim dos Santos burlava o fisco manipulando dados. Durante as investigações da Operação Lama Asfáltica, os técnicos encontraram indícios de fraude nas declarações do imposto de renda física e jurídica. A preocupação em “ajeitar” os informes não é só com a questão da malha fina da Receita Federal, mas também das empresas continuarem tendo condições de continuarem operando.
É o que fica claro na conversa telefônica entre a operadora financeira da organização de João Amorim, Elza Cristina dos Santos Amaral, e o contador que presta serviço para o grupo. Eles falam sobre a declaração dos lucros da Ase Participações e de João Amorim. Num dos trechos da gravação o contador diz: “Nós fizemos um informe de rendimentos da Proteco para o João...distribuindo quatro milhões e poucos lá de lucro”, e logo em seguida acrescenta que fez outro da Ase com o valor maior, de R$ 9 milhões.
O contador explica que será preciso fazer uma retificação na declaração do Imposto de Renda, para que a empresa possa continuar participando de licitação. “Então a gente, por esses R$ 9 milhões aí, a Proteco fica sem índice, não pode participar de licitação”.
Em um outro momento, Elza Cristina conversa com Rômulo Menossi, engenheiro e diretor técnico da Proteco. Ela explica que todas as empresas de João Amorim formam um único grupo econômico e por isso ela combina com ele a assinatura de vários contratos com data retroativa. Segundo os investigadores, o dono da Proteco mostra cuidado também com os detalhes que possam trazer problemas com o fisco.
Amorim mesmo orienta a operadora financeira do grupo sobre uma situação referente a transferência de dinheiro entre as empresas do grupo, e que o resultado teria que ser negativo. “Elza, naquelas contas lá que nós fizemos tem um erro...tá faltando quinhentos”. Na interpretação dos técnicos da Operação Lama Asfáltica, o objetivo dessa conversa seria fazer ajustes para evitar problemas fiscais. Ainda de acordo com a equipe de investigação, os interlocutores dão sinais de que sabem que estão sendo monitorados. As escutas telefônicas foram autorizadas pela Justiça Federal.