Haddad cita vínculo familiar ao falar de propostas para MS em entrevista
O candidato do PT também criticou a falta de debate com o adversário, Jair Bolsonaro
Durante quase 25 minutos de entrevista, por telefone, concedida à rádio Globo de Campo Grande, nesta sexta-feira (dia 26), o candidato a presidente da República Fernando Haddad (PT) comentou sobre sua ligação familiar com a Capital, falou de suas propostas de governo e criticou as ideias e posturas do adversário do PSL, Jair Bolsnaro (PSL).
“Se você perguntar em Campo Grande, todos os ‘Haddads’ são meus parentes. Tenho uma relação da família da minha mulher também. Tenho primos queridos, que moram aí há décadas”, disse.
A resposta do candidato veio depois de uma pergunta na área de educação e também após o comentário dos locutores de que a frente chamada Juristas pela Democracia intermediou a entrevista à rádio local.
Segundo o petista, o foco na educação vai ser na melhoria do ensino médio, mesmo que a execução seja responsabilidade dos estados. A proposta de Haddad é que os institutos federais “adotem” uma instituição de ensino estadual para servir de referência.
Isso porque os melhores desempenhos, afirma, estão nas escolas federais, escolas militares, Senac e Senai. “Cada uma vai ter de adotar algumas escolas estaduais para melhorar o padrão geral”.
Haddad também respondeu sobre geração de emprego, afirmando que a ideia é retomar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), de forma a criar empregos imediatos.
“Quando a obra está pronta, barateia o custo de produção e aumenta a competitividade dos empresários brasileiros na concorrência internacional”.
Outra proposta é “colocar dinheiro na mão do povo”, isentando os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos do imposto de renda para aumentar o poder de compra.
Com aumento de demanda, os empresários contratarão mais para produzir, afirma. A ideia é também fazer o que ele chama de reforma bancária. “Os bancos prejudicam a população, tanto o consumidor, quanto o empresário que quer instalar um novo comércio. Os juros são impraticáveis”.
Conflitos agrários - Questão sensível especialmente em MS, conflitos entre índios e produtores, além do agronegócio, também foi tema. “Nós não precisamos derrubar mata para ampliar nossa produção. Basta aumentar a produtividade das terras já desmatadas”. Por outro lado, punir quem tem área ociosa e só especula. Segundo o candidato, a relação entre terra produtiva e não produtiva é um dos principais problemas do conflito indígena.
"Eu queria alertar sobre a proposta do adversário [Jair Bolsonaro] de fundir o ministério do Meio Ambiente, com a Agricultura. Vai acabar com o agronegócio, porque a Europa e Estados Unidos não vão comprar nossos produtos se não existir acordo com do Brasil com meio ambiente".
A respeito da segurança, Haddad defendeu ampliar o efetivo da PF (Polícia Federal) e fazer com que a Corporação assuma outras responsabilidades.
“A questão de fronteira precisa ser fortalecida. O crime organizado de São Paulo é o mesmo do Ceará, está nacionalizado. Por isso precisamos de uma polícia nacional, que é a PF”.
A ideia defendida pelo petista é dobrar o contingente e equipar a Polícia Federal com equipamentos de inteligência, além de adiantar em 10 anos a execução do Sinfron.
Ao longo da entrevista, o petista criticou o adversário do PSL, Jair Bolsonaro, dizendo que "nunca ouviu em toda minha vida alguém dar uma ideia tão irracional". A fala foi especificamente sobre a ideia do presidenciável do PSL em implantar ensino médio a distância.
Houve outros pontos de críticas, no que diz respeito à flexibilização do acesso a armas e ausência de Jair nos debates, além das falas duras do presidenciável em relação às minorias.
"Ele ofende gay, ofende mulher, negro, indígena, ofende nordestino. Cada vez que ele abre a boca ele ofende alguém. Essa semana ele disse que nordestino tem de parar de se fazer de coitado. Só abre boca pra ofender".