Marun visita Temer e amplia circuito de ida a prisões para apoiar amigos
"Não sou da defesa, mas usei a minha prerrogativa de advogado para visitá-lo", afirma ex-ministro
A prisão pode significar o ocaso de amizades para muitos políticos, mas a realidade não se aplica a quem tem o ex-ministro Carlos Marun (MDB) no rol de amigos. Desde 2016, ele já foi a prisões para visitar o ex-deputado federal Eduardo Cunha, o ex-governador André Puccinelli (MDB) e, ontem (dia 10), esteve com o ex-presidente Michel Temer (MDB), preso na Superintendência da Polícia Federal de São Paulo.
“Não sou da defesa, mas usei a minha prerrogativa de advogado para visitá-lo. Até junho, estou na quarentena”, disse hoje ao Campo Grande News. Ele cumpre um prazo de seis meses em que não pode atuar como advogado por ter sido ministro.
Sobre a visita ao ex-presidente, Marun divulgou um vídeo em que classifica a prisão de Temer como absurda. “Encontrei-o indignado, inconformado. Como professor de Direito, sabe da ilegalidade da sua prisão”, afirma. O ex-ministro cita que o patrimônio de Temer é compatível com sua carreira de seis décadas e que espera correção desse erro do Poder Judiciário.
Visitador fiel - Marun ascendeu de deputado federal a ministro a partir de defesas incisivas de aliado. Primeiro, foi da “tropa de Choque” de Eduardo Cunha, que era presidente da Câmara Federal. Em 2016, o então deputado federal Carlos Marun foi ao Paraná visitar Cunha, preso na operação Lava Jato, e levou um livro para o amigo.
Depois, aliado de Temer, ele foi nomeado ministro chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, pasta responsável pela articulação política, em 15 de dezembro de 2017. Em julho do ano passado, Marun, já ministro, visitou Puccinelli no Centro de Triagem de Campo Grande. O ex-governador foi alvo da operação Lama Asfáltica, que investiga corrupção.
No fim de 2018, em 31 de dezembro, Marun foi nomeado conselheiro de Itaipu Binacional, hidrelétrica no Paraná administrada por Brasil e Paraguai, com remuneração de R$ 27 mil.
Do lado brasileiro, os conselheiros estudam em reuniões semanais, não de forma presencial, os temas de diretoria. Já as reuniões presenciais dos membros do conselho ocorrem a cada dois meses na usina de Itaipu, que tem sede em Foz do Iguaçu (Paraná) no lado brasileiro, e, eventualmente, em Brasília (DF).
No mês de março, liminar do TRF 4ª Região (Tribuna Regional Federal) suspendeu a nomeação.