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Política

Qual é a chance de MS ver Simone presidente e 2ª sul-mato-grossense no Planalto?

Pelo MDB, partido com mais prefeitos e vereadores, Simone já ganhou apoio do Cidadania e espera PSDB

Caroline Maldonado | 26/05/2022 06:57
Simone Tebet no Senado Federal: nome de MS surge como alternativa a Lula e Bolsonaro. (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado)
Simone Tebet no Senado Federal: nome de MS surge como alternativa a Lula e Bolsonaro. (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado)

Tem chances? Tem, porque assim como qualquer outro pré-candidato à Presidência da República, Simone Tebet (MDB) é “escrava dos números” e na política, “tudo é muito dinâmico”. São expressões que surgem quando especialistas na área de pesquisas eleitorais falam sobre a possibilidade de Mato Grosso do Sul ver uma figura política da terra chegar ao Planalto.

Até hoje, apenas um sul-mato-grossense chegou lá. Muitos não sabem, mas nasceu em Campo Grande o ex-presidente Jânio Quadros. Em 1961, ele ficou apenas sete meses no poder antes de renunciar e sua trajetória política é marcada por mandatos de prefeito e governador em São Paulo, nada em MS, ou seja, não tem muito como comparar aquele com este momento.

Para o eleitorado de MS, ter uma ex-deputada estadual, ex-vice-governadora, ex-prefeita reeleita de Três Lagoas e senadora pelo Estado na disputa pela presidência do País é experiência nova.

Não tem como pegar uma informação de como Simone está nas pesquisas pré-eleitorais, observar a série histórica de pesquisas, fazer um cálculo e dizer qual a chance da pré-candidata chegar ao segundo turno nas eleições.

O que se pode observar é a evolução da sua carreira política, índices de rejeição e aprovação do passado, onde ela está hoje, ou seja, qual partido coloca Simone na disputa, de quem já conquistou apoio, de quem quer conquistar e, assim, tentar entender como Simone se coloca no cenário eleitoral.

Bom currículo - Para o economista e diretor-presidente do Ipems (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul), Lauredi Borges Sandim, é importante lembrar que Simone tem o que chama de “bom mercado eleitoral” em MS.

Economista e diretor-presidente do Ipems (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul), Lauredi Borges Sandim. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Economista e diretor-presidente do Ipems (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul), Lauredi Borges Sandim. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

“Em MS, ela teria uma votação muito boa, porque foi professora e teve diversos mandatos, ficando muito conhecida e com um bom currículo, um bom mercado eleitoral. Não temos pesquisas, mas em pesquisas anteriores de outras eleições, Simone sempre foi muito bem. É um bom nome. Agora, em âmbito nacional é diferente, porque tem que ver, no caso da oficialização da candidatura, como vai ficar essa terceira via, quais partidos estarão juntos”, comenta.

Partido forte - Outro ponto a destacar é que Simone está pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), o que mais elegeu candidatos nas últimas eleições, em 2020, ou seja, prefeitos, vice e vereadores estarão no apoio. O MDB elegeu 8.709 candidatos (12,76% do total), sendo 772 prefeitos, 660 vice-prefeitos e 7.277 vereadores.

O quanto isso é importante para um candidato? “Se o partido se engajar e ver que ela está crescendo é muito bom, porque a base de qualquer partido são os municípios. Isso alavanca um candidato, porque é a base eleitoral. O candidato é escravo de números. Se ela cresce dois pontos na pesquisa, todos já vão olhar para ela e começar a querer apoiar”, destaca Lauredi.

Ele acredita que ser pouco conhecida no Brasil não é desvantagem para Simone. “Com as pesquisas, ela vai se tornando mais conhecida e o mercado de votos vai se expandindo. Acho que ela vai honrar o MDB e é uma pessoa que já ganhou de diversos nomes fortes. Como já existe essa polarização de Lula e Bolsonaro, o pessoal começa a querer saber quem pode ser a terceira via e aí não dá para descartar ninguém. Ela é muito preparada”, diz.

Indecisos - Eles representam 2% dos entrevistados em uma pesquisa do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), divulgada na semana passada, em que foram ouvidos por telefone mil eleitores. Simone aparecia com 2%, mas muita coisa já mudou de lá para cá.

O ex-governador de São Paulo, João Doria, desistiu e a pré-candidata confia no apoio do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). “Ela já tem apoio do partido Cidadania e está tentando apoio do União Brasil”, lembra Lauredi.

Resultante da fusão do DEM (Democratas) com o PSL (Partido Social Liberal), o União tem a maior bancada na Câmara dos Deputados e, certamente, terá muito recurso nessas eleições.

Os indecisos não serão suficientes para alavancar a pré-candidatura de Simone, na opinião da diretora do Innova Pesquisa, Mari Guazina.

Diretora do Innova Pesquisa, Mari Guazina: "Ela vai entrar num barco com concorrência altíssima". (Foto: Kísie Ainoã)
Diretora do Innova Pesquisa, Mari Guazina: "Ela vai entrar num barco com concorrência altíssima". (Foto: Kísie Ainoã)

“Ela vai ter que tirar voto dos dois pré-candidatos que estão na frente. É um momento difícil. Ela vai entrar num barco com concorrência altíssima, mas sabemos que muita gente não está totalmente satisfeita com nenhum dos candidatos. Agora, o quanto ela vai conseguir de votos desses candidatos é o que vai ser decisivo”, comenta Mari.

“Na política, tudo é muito dinâmico e muita coisa pode acontecer”, destaca Mari. Ela pondera que é difícil fazer projeções, porque existe um histórico de pesquisas, mas o eleitorado muda.

“Vejo ela [Simone] em um quadro interessante, porque traz perfil novo, tanto de partido quanto de grupo político, é uma figura feminina. Agora, o quanto de eleitor isso vai atrair, o quanto tiraria dos principais concorrentes não tem como estimar", diz Mari.

A pesquisadora acrescenta que "independente de qualquer coisa, é uma super-representante do Estado. Ela é importante para o eleitor não ficar em polarização, ter uma outra opção. Ela se sobressaiu, porque ninguém apostava nela há uns dois anos. Ela surgiu nesse meio tempo e conquistou respeito e se impôs”.

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