'Torturaram nosso pai', adverte irmão sobre Nelsinho ser ministro de Bolsonaro
À reportagem, Nelsinho contrapôs declaração do irmão Fábio e diz que eles possuem pontos de vista diferentes
Cotado como possível futuro ministro do presidente Jair Bolsonaro, o senador sul-mato-grossense Nelsinho Trad (PSD) foi aconselhado pelo irmão mais novo, Fábio Trad, deputado federal e também filiado ao PSD, a não integrar a administração federal. A alegação é de que o governo é de "extrema-direita", mesma ideologia da ditatura militar, que na época prendeu e torturou o pai deles, segundo o deputado.
A conversa entre os irmãos foi revelada nesta quinta-feira (4) pelo jornal Globo e a reportagem do Campo Grande News foi ouvir os dois.
"Ele está consciente da complexidade da situação", frisa Fábio ao comentar sobre a posição do irmão. "Ele precisa avaliar se esse governo possui comprometimento com os valores que ele acredita, pois é um governo de extrema-direita e sabemos todos que esse espectro não tem vocação pela defesa dos valores democráticos", afirma Fábio Trad.
O deputado associou o governo atual ao que comandou o Brasil no período de Ditadura Militar. "Foi a extrema-direita que prendeu e refutou quem consideravam hostil, um deles nosso pai. Eles torturaram nosso pai", comenta Fábio ao relembrar Nelson Trad, que foi deputado federal e faleceu em 2011.
"O Nelsinho é um político maduro e habilidoso. Mais importante que ser ministro é saber qual governo esse ministro serve. Um homem é sua história, sua biografia se escreve através de suas escolhas. Mas a decisão é dele, é pessoal", completa o deputado.
Ponto de vista - Já Nelsinho, quando procurado pela reportagem do Campo Grande News, contrapôs a posição do irmão, destacando que ele e o Fábio não enxergam a política e tudo que circula ao redor dela da mesma forma.
"A gente tem pontos de vista diferentes. Somos pessoas que pensam diferentes. Ele tem um enfoque mais crítico quanto ao governo Bolsonaro, e eu tenho um pensamento mais positivo. Esse governo sempre me tratou com deferência, sempre atendendo meus pleitos para o Estado, ouvindo sugestão", conta o senador.
Nelsinho diz que respeita a opinião do irmão, mas que no Senado representa um grupo político que busca mais espaço no governo e que seu nome é lembrado para ocupar algum ministério, ou do Desenvolvimento Regional ou de Minas e Energia.
"Não tive sondagem do governo ainda. Até chegar nesse ponto é um longo caminho", confessa Nelsinho. "Sempre que posso ajudo e contribuo nos projetos do governo. Como líder do PSD, respeito a independência do partido e meus colegas sabem da minha posição. Vou continuar assim, pois acredito que o Brasil tem tudo para continuar crescendo, vencendo a pandemia e retomando a economia". diz Nelsinho.
Segundo o senador, a posição diferente do irmão é algo normal. "Ele tem postura mais crítica e justamente isso o faz ser respeitado dentro do PSD. Na política divergir é normal. É preciso maturidade de aceitar e seguir em frente", diz Nelsinho Trad.
