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Reportagens Especiais

Após amor à primeira vista, idosos apontam qualidades da Capital

Alan Diógenes | 28/08/2014 11:00
Após amor à primeira vista, idosos apontam qualidades da Capital
Traços no rosto de Dona Írma revelam o tempo e as experiências que ela viveu na Capital. (Foto: Marcelo Victor)
Traços no rosto de Dona Írma revelam o tempo e as experiências que ela viveu na Capital. (Foto: Marcelo Victor)

Campo Grande completou 115 anos e não é só ela que carrega consigo fatos históricos, experiências e lembranças. Alguns não sabem, mas entre os 832 mil habitantes que a cidade tem, 10.445 são pessoas com idade acima dos 80 anos. São campo-grandenses que nasceram aqui ou vieram de outro lugar, e não querem largar a Cidade Morena, apelido que recebeu carinhosamente pelos moradores devido a cor vermelha de suas terras.

Esse é o caso da italiana Írma Maria Bonadia Scieppo, 86 anos, que quando desceu na antiga rodoviária da cidade em meados da década de 60, não quis mais retornar para São Paulo, sua cidade natal. Primeiro, a filha Denise Bueno, 64, administradora de empresas, conheceu a Capital e decidiu se mudar para cá.

Em seguida, a outra filha, Tereza Maria, também não resistiu aos encantos da cidade, durante uma rápida visita, e veio de “mala e cuia”. Temendo ficar longe dos netos e bisnetos Dona Írma também decidiu se mudar. “Não tinha como eu ficar para trás. Ia acabar morrendo de saudades das minhas crianças”, comentou.

Ela conta que quando pisou no chão da Capital, sentiu uma tranquilidade que nunca havia sentido antes. Apenas tinha imaginações da cidade, por causa das palavras do ex-presidente Jânio Quadros, que falava que Campo Grande “era a cidade dos passarinhos”. “Senti algo que nunca mais senti em minha vida. Aqui as crianças podem ficar soltas nos quintais grandes que a cidade tem. Os jovens tem mais segurança para sair a noite, isso não se vê em outros lugares. Enfim esse ar de cidade do interior, que me deixou apaixonada”, salientou.

Triste ficou Dona Írma, quando o marido, não acostumado com a cidade, quis se mudar para o estado do Paraná. “Bati o pé, mas não adiantou, tiver que ir. Chegando lá ele não se acostumou também e acabamos retornando para cá. Daí falei que nunca mais sairia daqui. Acabou que ele morreu e está enterrado aqui mesmo no cemitério Parque das Primaveras. Desde quando vim para cá não senti mais saudades de São Paulo. Já quando estou em São Paulo sinto muitas saudades de Campo Grande. Sou campo-grandense de alma e coração”, finalizou.

Com uma história diferente, Maria de Carvalho da Silva, 82 anos, veio embora de Rondônia com a família para Campo Grande em busca de emprego, quando ainda era adolescente. A família se instalou no bairro Taquarussu, onde ela mora com os cinco filhos e netos até hoje.

Maria lembrou que quando se mudou o bairro era tomado por favelas e lixo. Ela viu o progresso chegar da porta de casa. “Hoje isso é aqui é bonito, tem arvores e até o ar é melhor para respirar. A construção civil tomou conta da cidade e melhorou a vida das pessoas. Temos mais segurança, educação e bem-estar, algo que era impossível de ter antigamente”, relatou.

Dona Maria falou que nenhuma cidade do Brasil oferece uma qualidade de vida para os idosos como Campo Grande. “Frequento a igreja todos os dias e ainda vou no Centro de Convivência do Idoso Vovó Ziza, faço academia e alongamento. Em outra cidade, duvido que eu teria isso. Só vou embora daqui quando Deus me Levar”, conclui.

Apaixonada por Campo Grande, Dona Maria conta que só deixará a cidade se Deus a levar. (Foto: Marcelo Victor)
Apaixonada por Campo Grande, Dona Maria conta que só deixará a cidade se Deus a levar. (Foto: Marcelo Victor)

A medica geriatra Ana Paula de Oliveira Penaforte, que atende cerca de 350 pacientes idosos por mês, acredita que em sua grande maioria, os idosos da cidade alcançaram idades bem avançadas e possuem boas condições de vida. “Elas são pessoas felizes, independente de em modo geral e ainda ativas em vários aspectos. Meus pacientes elogiam alguns aspectos que trazem impacto positivo à qualidade de vida deles, como a existência de parques para atividade física, praças para socialização e proximidade da família e amigos”, ressaltou.

Para que os “velhinhos” da nossa Cidade Morena tenham cada vez mais qualidade de vida, a especialista dá algumas dicas de saúde. “O mais importante do que adicionar anos à vida, é adicionar vida aos anos. Cuidados básicos de saúde como boa alimentação, higiene, atividade física regular e controle do stress, além de visita ao médico periodicamente, ajudam muito para que eles tenham mais anos de vida. Campo Grande é um local acolhedor e bom para se viver, inclusive para os idosos”, esclareceu.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que na Capital existem 8.821 pessoas com idades entre 80 a 89 anos, 1.540 com 90 a 99 anos e 84 com 100 anos ou mais. A área central é a que concentra o maior percentual de idosos; já que 25,69% dos moradores da região têm mais de 65 anos. Em seguida, vem o bairro Monte Líbano com 22,65 e logo atrás o São Bento com 20,85%.

Írma exibe o retrato de toda a família que mora em Campo Grande. (Foto: Marcelo Victor)
Írma exibe o retrato de toda a família que mora em Campo Grande. (Foto: Marcelo Victor)
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