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Reportagens Especiais

Cafezinho na berlinda: operações chacoalharam MS em 2015

Aline dos Santos | 30/12/2015 07:31
Seinfra foi alvo da Policia Federal em julho. (Foto: Marcos Ermínio)
Seinfra foi alvo da Policia Federal em julho. (Foto: Marcos Ermínio)
Polícia Federal também cumpriu mandado de  busca na mansão de Giroto.
Polícia Federal também cumpriu mandado de busca na mansão de Giroto.
João Amorim foi alvo de operações neste ano. (Foto: Marcos Ermínio)
João Amorim foi alvo de operações neste ano. (Foto: Marcos Ermínio)
Prefeito afastado, Olarte foi preso em outubro.(Foto: Antônio Marques)
Prefeito afastado, Olarte foi preso em outubro.(Foto: Antônio Marques)

Nove de julho e 25 de agosto: as duas datas chacoalharam Mato Grosso do Sul em 2015 e marcaram a detonação das operações Lama Asfáltica e Coffee Break.

Desde então, tomar um “cafezinho” nunca foi tão famoso e suspeito. Anunciando prejuízo inicial de R$ 11 milhões aos cofres públicos, a operação Lama Asfáltica acordou Campo Grande às 6h com equipes da PF (Polícia Federal) cumprindo mandados de busca e apreensão em empresas, residências de luxo e na Seinfra (Secretaria Estadual de Infraestrutura).

As gravações, autorizadas pela Justiça Federal, trouxeram à tona superfaturamento de obras públicas, envolvimento do primeiro escalão do governo para troca de mãos do Aquário do Pantanal, o empréstimo da aeronave “Cheia de Charme” a políticos, envolvimento de servidores em fraudes e que a senha da propina era o convite para um “cafezinho”.

Em 9 de julho, a operação foi tema de 21 matérias no Campo Grande News. A mais lida foi “Operação da Polícia Federal 'cerca' mansão do ex-secretário Giroto”. Com carreira no serviço público, o investigado Edson Giroto, ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal, tem mansão avaliada em R$ 7 milhões em condomínio de luxo de Campo Grande.

O dia terminou com a prisão do empresário João Amorim, dono da Proteco Construções e apontado como líder do esquema envolvendo empreiteiras e poder público. O motivo foi posse ilegal de arma de fogo. Meses depois, com desdobramentos de ambas investigações, ele foi preso por mais duas vezes.

Um dos frutos da ação, foi a força-tarefa do MPE (Ministério Público do Estado) para investigar irregularidades em obras com recursos estaduais. Em novembro, denúncia de desvio de dinheiro público levou à prisão de nove pessoas, incluindo Edson Giroto (PR).

Surpresa - Em 25 de agosto, véspera do feriado do aniversário de Campo Grande, foi a vez da Coffee Break, realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Com provas compartilhadas da Lama Asfáltica, foram detidos vereadores e empresários, além do afastamento do prefeito Gilmar Olarte (PP) e do presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Mario Cesar (PMDB). O alvo era apurar compra de voto de parlamentares na cassação do prefeito Alcides Bernal (PP) em março de 2014.

Num dia tumultuado, enquanto todos esperavam que Flávio César (PTdoB), alçado de vice a presidente da Câmara assumisse o Poder Executivo, o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) autorizou, em outro processo, o retorno de Bernal ao poder.

A Coffee Break avançou e, pela primeira vez na história de Campo Grande, um prefeito, ainda que na condição de afastado, foi parar atrás das grades. Gilmar Olarte ficou cinco dias preso.

Conforme relatório do Gaeco, finalizado em dezembro, a cassação foi articulada por uma suposta organização criminosa, que seria integrada por 12 pessoas. Dentre as quais estariam os empresários João Amorim, João Roberto Baird (Itel Informática), Fábio Portela Machinsky e Carlos Eduardo Naegele (jornal Midiamax); o ex-governador André Puccinelli (PMDB); o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB); o então vice-prefeito Gilmar Olarte; o ex-presidente da Câmara, Mario Cesar; além dos vereadores Flávio Cesar (PTdoB) e José Airton Saraiva (DEM) e os autores do pedido de cassação: Raimundo Nonato e Luiz Pedro Guimarães. O documento foi encaminhado à PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça).

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