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Campo-grandenses relatam como é viajar para Bonito na pandemia

Paulo Nonato de Souza | 17/09/2020 08:12
Flávia Verruck e as irmãs Larissa e Laise Couto Miranda, as três amigas campo-grandenses na Lagoa Misteriosa em Jardim (Foto: Divulgação)
Flávia Verruck e as irmãs Larissa e Laise Couto Miranda, as três amigas campo-grandenses na Lagoa Misteriosa em Jardim (Foto: Divulgação)

Viajar! Algo que sempre foi expressão de prazer, felicidade e realização pessoal, no novo normal, em tempos de pandemia virou sinônimo de tensão, medo mesmo, pelo menos enquanto não houver uma vacina aprovada e comprovada contra o coronavírus (Covid-19), ainda que a viagem seja em veículo particular para destinos próximos de onde vive.

Já estamos partindo para o final de setembro, e depois de quase sete meses do que em dezembro de 2019 parecia ser um problema da China, e em pouco tempo se alastrou pelo mundo, lemas como “Viajar é Preciso” estão em desuso e viajar a lazer ou por necessidade ganhou espaço de discussão diante da pressão para que se permaneça isolado em casa.

No último fim de semana, após longa abstinência de viagens, três amigas campo-grandenses - Flávia Verruck e Larissa Couto Miranda, influencers do @MenuCG, perfil no Instagram com 25 mil seguidores sobre dicas de onde comer em Campo Grande, e a irmã da Larissa, Laise Couto Miranda -, decidiram dar um tempo na reclusão em casa e viajaram de carro para curtir as belezas naturais de Jardim e Bonito, distantes 237 km e 297 km em relação a Capital sul-mato-grossense, respectivamente.

Com localização sempre motivo de confusão, se em Bonito ou Jardim, a foto das três campo-grandenses deixa claro onde fica a Lagoa Misteriosa (Foto: Divulgação)
Com localização sempre motivo de confusão, se em Bonito ou Jardim, a foto das três campo-grandenses deixa claro onde fica a Lagoa Misteriosa (Foto: Divulgação)
No receptivo do passeio Lagoa Misteriosa, álcool em gel para higienização e alertas para evitar o coronavírus (Foto: Divulgação)
No receptivo do passeio Lagoa Misteriosa, álcool em gel para higienização e alertas para evitar o coronavírus (Foto: Divulgação)

Veja abaixo o que elas relataram sobre a experiência de viajar na pandemia e o contato com uma nova realidade em dois dos principais destinos de ecoturismo de Mato Grosso do Sul. A primeira programação no roteiro foi flutuação na Lagoa Misteriosa, um dos atrativos turísticos mais procurados de Jardim, cidade de 24 mil habitantes, distante apenas 69 km de Bonito.

A lagoa de 30 metros de largura e 60 de comprimento está localizada na fazenda Recanto Ecológico Rio da Prata, a 36 km de Jardim e a 52 km de Bonito, e seu mistério está na sua profundidade desconhecida. De todas as tentativas de se chegar ao fundo, a marca mais profunda foi registrada em 1998 pelo mergulhador Gilberto Menezes de Oliveira, que desceu até 220 metros sem conseguir atingir o objetivo.

“Fizemos flutuação com snorkel (máscara de mergulho) e colete salva vidas, já inclusos no pacote, e usamos máscaras da pandemia na trilha de acesso para a Lagoa Misteriosa (1,1 km ida e volta), um lugar incrível, surreal que até parece uma passagem para outro mundo. No receptivo da Lagoa eles passam álcool em gel nas mãos dos visitantes, antes e depois do passeio”, disse Flávia Verruck.

Embora a viagem de carro desde Campo Grande até Jardim e Bonito seja de apenas algumas horas, a sensação era especial para quem estava encarando o mundo lá fora pela primeira vez depois de um longo período de quarentena.

“Na Lagoa Misteriosa recebemos o nosso equipamento de flutuação em uma embalagem individual previamente higienizada, e posso dizer que foi uma experiência incrível. Era meu sonho conhecer a Lagoa, que estava fechada nas duas vezes que estive em Jardim e Bonito no ano passado. O lugar é muito lindo, e o fato de sua profundidade ainda ser desconhecida deixa o passeio mais interessante”, comentou Larissa Couto Miranda.

Escadaria de madeira com corrimão e 185 degraus, o acesso para a Lagoa Misteriosa, depois de uma trilha de mata fechada (Foto: Divulgação)
Escadaria de madeira com corrimão e 185 degraus, o acesso para a Lagoa Misteriosa, depois de uma trilha de mata fechada (Foto: Divulgação)

Em uma crise sanitária como a que estamos enfrentando, todos dependem de todos na tarefa de preservação da saúde, porém, mesmo com todas as normas de biossegurança, incluindo o selo “Turismo Responsável – Limpo e Seguro”, lançado em junho pelo Ministério do Turismo para identificar segmentos de turismo que cumprem os protocolos contra o coronavírus, no Brasil as regras de comportamento das pessoas no combate à pandemia não foram uniformizadas, e isso torna impossível você imaginar o que as pessoas a sua volta são capazes.

Elas contaram que nos passeios, tanto em Jardim quanto em Bonito, todos em grupos reduzidos de pessoas, perceberam maior controle quanto aos protocolos sanitários. No geral, disseram que se sentiram seguras com a organização dos passeios, nenhum grupo de visitantes cruzando com outro, cada qual no seu horário marcado, mas, na cidade de Bonito, por exemplo, o que viram foi um cenário de aglomerações nas ruas, bares e restaurantes.

“A cidade de Bonito estava cheia, muito cheia, nunca tinha visto tão cheia. As ruas lotadas e nos restaurantes tinha álcool disponível, mas  também filas de espera, e isso compromete a regra do distanciamento social”, relatou Flávia Verruck.

As três amigas nas águas cristalinas do Rio Formoso, no Refúgio da Barra, localizado a 17 km do centro de Bonito (Foto: Divulgação)
As três amigas nas águas cristalinas do Rio Formoso, no Refúgio da Barra, localizado a 17 km do centro de Bonito (Foto: Divulgação)

No Wetiga Hotel, onde as três campo-grandenses ficaram hospedadas em Bonito, segundo elas, tinha álcool em gel espalhado por toda parte, marcas de distanciamento no chão, poucos funcionários, café da manhã com produtos embalados individualmente, mesas afastadas no restaurante e máscaras disponíveis para os hóspedes, que no novo normal passaram a ser responsáveis por cuidar do recolhimento de toalhas e roupa de cama do seu quarto.

“O serviço de limpeza dos apartamentos é feito pelos hóspedes. Tínhamos que por as toalhas e roupas de cama em um saco e depois em um cesto que ficava em frente ao nosso quarto, cada quarto tem seu cesto. Uma experiência diferente e interessante, que faz parte do nosso novo normal”, comentou Flávia.

Em seus relatos as três amigas contaram que em nenhum momento da viagem abriram mão do uso da máscara, um acessório já consagrado como essencial e indispensável. “A gente ficava o tempo todo de máscara. Tiramos só para comer e beber nos restaurantes, e nos passeios para entrar na água ou para tirar foto”, afirmou Larissa.

No retorno para Campo Grande, mesmo sem apresentar sintomas da Covid-19, mas por medo de consequências das aglomerações na cidade de Bonito, as três amigas decidiram pelo isolamento domiciliar de 7 dias em suas respectivas casas, conforme recomenda o Ministério da Saúde.

No novo normal, o café da manhã no hotel servido com cada produto embalado individualmente (Foto: Divulgação)
No novo normal, o café da manhã no hotel servido com cada produto embalado individualmente (Foto: Divulgação)


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