Se sentindo perdido em São Paulo como se estivesse na Rússia
O idioma não é o cirílico, é o nosso bom e velho português, mas mesmo assim você vai se sentir perdido em São Paulo, como se estivesse na Rússia. Em tempos de pandemia, as estruturas do turismo estão reduzidas, funcionários foram demitidos ou afastados, e um dos fatores ruins desse novo normal, sobretudo nas megacidades, é a falta de pessoas qualificadas para informar os turistas nos aeroportos, metrôs e pontos turísticos.
Comunicação é estratégia básica para gerar crescimento no setor do turismo, qualquer que seja o destino ou atrativo. Nas megacidades tudo é tão superlativo que os caminhos são confusos até mesmo para os moradores locais, e pela primeira vez em São Paulo, desde o início da pandemia de coronavírus, em março de 2020, confesso que fiquei decepcionado com a falta de informação por ondei estive.
Já no desembarque no Aeroporto de Congonhas, neste fim de semana, tive a mesma sensação de quando desembarquei no Aeroporto Internacional de Rostov on Don, no sul da Rússia, no dia 11 de junho de 2018, véspera da Copa do Mundo. No aeroporto de Rostov, a cidade da estreia do Brasil no Mundial, havia placas com informações, mas tudo em russo, e para piorar, nenhum dos voluntários da FIFA, que lá estavam na minha chegada, falava inglês.
Em Congonhas os passageiros se misturam logo que saem do finger (equipamento que liga o avião ao terminal) e naquele vai e vem de pessoas não encontrei nem mesmo placas, que dirá funcionários (privados ou públicos) do turismo para informar qual a direção da área de recebimento de bagagem. Eu e muitos outros passageiros igualmente perdidos sem saber onde pegar suas malas, e quem resolveu a questão foi uma simpática senhora da limpeza que nos conduziu até uma escadaria de acesso para as esteiras.
Estive em dois outros lugares de referência para o turismo em São Paulo, o metrô, fundamental no serviço de transporte, e o Parque Ibirapuera, o mais visitado da América Latina, e o problema foi o mesmo: a falta de informações que leva o turista a perder tempo buscando soluções para suas dúvidas.
Em todos os metrôs do mundo, o turista dificilmente não terá problemas para se localizar e encontrar o trem que o levará ao seu destino. É uma situação de muita pressão ter que decidir qual rumo seguir em meio ao vai e vem de pessoas, mas em Moscou tudo é muito mais confuso por conta da barreira da comunicação.
Foi o que aconteceu comigo na capital russa. Embarquei às 19h35 na estação próxima da Praça Vermelha e passava das 23h30 quando consegui, enfim, chegar na estação Okruzhnaya, em frente ao hotel onde estava hospedado. O idioma russo, no alfabeto cirílico, não tem nada familiar para nós brasileiros, e encontrar russos falando inglês só nos hotéis.
Pois vivi situação muita parecida no metrô de São Paulo na última sexta-feira, 8, não pelo idioma, mas por não encontrar ninguém que me desse informações corretas. Embarquei às 8h36 na estação Eucaliptos, em Moema, e só às 10h16 consegui chegar ao meu destino, a estação Tatuapé, para um compromisso às 10h30.
Para chegar ao meu destino tive a ajuda de pessoas que vivem em São Paulo e usam diariamente o metrô. Foi trabalhoso, mas consegui chegar após embarcar no metrô que vai para a estação Chácara Klabin e fazer duas conexões complicadas em meio a todo aquele labirinto subterrâneo. A primeira na estação Santa Cruz, onde embarquei na Linha 1-Azul sentido Tucuruvi até a estação Sé, depois na Linha 3-Vermelha sentido Corinthians-Itaquera.
“Estamos trabalhando com equipe bem reduzida. A pandemia mandou muita gente para casa e muitos trabalhadores foram demitidos”, explicou na estação Tatuapé, o único funcionário da Companhia do Metropolitano de São Paulo, empresa responsável pela operação do metrô paulistano, que encontrei ao longo de todo o trajeto.
Já no Parque Ibirapuera, além de militares do Corpo de Bombeiro, tem agentes da Guarda Civil Metropolitana espalhados por toda parte. São pelo menos 200 se revezando na segurança e no controle da ordem no Parque, e acabam se tornando fonte confiável para os turistas se acharem em uma área gigantesca de 158 hectares, ou seja, 1.584.000 m². O problema é o desencontro de informações sobre a localização dos atrativos do parque, como o Prédio da Bienal, o Bosque da Leitura e o Museu de Arte Moderna, por exemplo, e os portões de entrada e saída, 10 no total.
“O ideal seria ter no parque uma central de informações para os turistas com mapas e pessoas treinadas. Se tem, eu não encontrei”, disse a paraibana Maria Fernanda Arminda. Segundo ela, embora não fosse a sua primeira vez no Parque Ibirapuera, encerrou a sua caminhada deste domingo, 10, às 9h30, mas só às 11h50 conseguiu sair do parque pelo portão onde havia estacionado o seu carro, o Portão 7, depois de muitas informações desencontradas.
Portanto, se você pretende viajar para São Paulo nestas férias de verão com pandemia, melhor tirar dúvidas na Internet antes de realizar seus passeios. Fazer buscas na hora dos perrengues pode ser ainda mais desgastante