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A cápsula do tempo da Santa Casa

Por Heitor Freire (*) | 16/10/2017 10:19

Uma cápsula do tempo é um recipiente especialmente preparado para armazenar objetos ou informações com o objetivo de serem encontrados pelas gerações futuras. Tal expressão começou a ser utilizada a partir de 1937, embora a ideia seja tão antiga quanto os primeiros assentamentos humanos na Mesopotâmia.

Muitos nobres da antiguidade foram sepultados com numerosos pertences, e assim a posteridade pôde absorver valiosas informações sobre sua época, hábitos e costumes. A iniciativa de preservar os objetos mais representativos de uma época não se limitou aos túmulos antigos nem aos modernos museus.

Muitas pessoas tomaram a atitude de criar verdadeiras cápsulas do tempo, para que fossem abertas décadas ou séculos depois. Segundo o historiador e professor Paul Hudson, co-fundador da Sociedade Internacional Cápsula do Tempo (ITCS), só nos Estados Unidos existem mais de 1 400 depósitos do gênero, variando de uma pequena caixa até grandes cômodos repletos de peças.

Trata-se de um invólucro durável que documenta sua época original, basicamente por meio de objetos e relíquias materiais. A Sociedade Internacional de Cápsula do Tempo estima que existam cerca de 15 mil cápsulas do gênero no mundo, entre conhecidas e desconhecidas.

A Santa Casa de Campo Grande, em 1941, criou sua própria cápsula do tempo que foi implantada em local não identificado e foi descoberta 72 anos depois, na época da construção de novos pavilhões, sendo levada com o entulho da obra para um lixão da cidade.

Alguns jovens, curiosos, tiveram suas atenções voltadas para aquela pedra enorme e muito pesada e a levaram para casa. Depois de um ano e muitas discussões em torno do achado, resolveram, por orientação do Filho do Padre, apelido de Élzio Moreira da Silva, na época presidente da Associação de Moradores da Vila Nasser, entrar em contato com a diretoria da Santa Casa, que pôde, assim, recuperar aquele tesouro perdido.

Agora, por ocasião das festividades do centenário da Santa Casa e por sugestão do ouvidor-geral, Gilton Almeida Silva, a diretoria decidiu implantar uma nova cápsula. Esta, para não correr riscos, foi depositada no jardim frontal da Santa Casa, tendo, para sua identificação, um lindo totem (projeto da arquiteta Thays Freitas de Andrade) com uma mensagem para o futuro.

A sugestão é que esta cápsula seja aberta no dia 18 de agosto de 2067, quando transcorrerá o sesquicentenário da instituição. Para elaborarmos esta cápsula, seguimos a orientação básica para sua execução, prescrita pela Sociedade Internacional de Cápsulas do Tempo, e a adaptamos para a nossa realidade.

Seguimos os seguintes parâmetros: Duração – 50 anos/ Local: Jardim frontal da Santa Casa/ Tipo do recipiente: Caixa de metal, bem vedada com os conteúdos colocados em pé/Comemoração do centenário e ata manuscrita com descrição de todo o conteúdo.

Há várias cápsulas do tempo "enterradas" no espaço. As sondas espaciais do Programa Voyager, por exemplo, carregam um disco com informações sobre o planeta Terra e visam deixar o Sistema Solar em direção a outros sistemas.

As comemorações do centenário continuam com a apresentação da peça teatral “Santa Casa – Cem anos de Solidariedade” a ser encenada por funcionários da instituição que estão sendo dirigidos por Andréa Freire e Conceição Leite, em uma produção da Marruá Arte e Cultura. Assim, teremos mais festividades pela frente. A comemoração final será em agosto de 2018.

(*) Heitor Rodrigues Freire é vice-presidente da ABCG Santa Casa.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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