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A morte de um córrego ou quem tem medo da imprensa?

Por Flávio Teixeira (*) | 13/02/2019 19:19

Considerada há pouco tempo um verdadeiro bicho papão para o poder público - que tremia a cada notícia negativa ou mesmo uma nota publicada em coluna social - hoje a grande imprensa e os sites de notícia, não fazem tremer nem ao adolescente que publica bobagens em redes sociais. Um gigante de pés de barro...

Denúncias importantes ou corriqueiras são ignoradas e desprezadas solenemente pelo poder público e os políticos. Nos meus mais de 30 anos de jornalismo, a esmagadora maioria deles à frente de assessorias de imprensa, não havia nota, matéria ou comentário publicado que ficasse sem resposta. Hoje os dramas e o sofrimento da população, estampados com destaque imprensa, não fazem cócegas ao Golias do poder público.

Vamos a um exemplo simples que afeta diretamente centenas de moradores. O isolamento periódico provocado pelas chuvas no bairro Chácara dos Poderes. Há mais de 10 anos, sempre que chove, o bairro fica literalmente ilhado. Pais desesperados impedidos de levar ou buscar seus filhos na escola; trabalhadores ameaçados de demissão por faltarem ao trabalho; enfermos privados do socorro salvador; casas, carros e sonhos destruídos pelas águas...

No caso da Chácara dos Poderes há um agravante: a enxurrada que bloqueia as ruas está sepultando o córrego Pedregulho. Toneladas de areia cobrem o que, há poucos anos, era um manancial de águas cristalinas cheio de vida. Trata-se de um verdadeiro crime ambiental desprezado pelo Município, o Estado e a União.

Os moradores não se calam e a imprensa também não. Centenas de matérias jornalísticas já foram publicadas por jornais, sites e emissoras de TV e de rádio. Diante deste cenário a reação da prefeitura de Campo Grande – se é que há alguma – pode ser resumida em um parágrafo da matéria publicada no Campo Grandes News de hoje sobre a destruição das ruas do bairro. Abre aspas: “a prefeitura até a publicação desta matéria não se posicionou sobre o assunto”.

Diante disso devo reformular a pergunta que dá título a esse artigo. O correto seria “Para o que serve a prefeitura?” Ou então: “Para o que servem as assessorias de imprensa?”. Ou seria na verdade: “a quem serve o poder público?”

(*) Flávio Teixeira é jornalista.

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