Aprendizado STEM pode colocar o Brasil entre referências mundiais em educação
Um dos principais debates da Educação no país tem sido a aprovação da proposta do Novo Ensino Médio. Um de seus principais objetivos é o de fortalecer e flexibilizar os currículos escolares, há muito tempo defendido por professores, gestores e alunos. As taxas de evasão só corroboram a falta de atratividade e desconexão com o mundo moderno: logo na primeira série, são 9,5%, seguidas de 7,1% e 5,2%.
Em países desenvolvidos como Estados Unidos, Reino Unido e Austrália - referências em Educação -, a situação é muito diferente. Nesses locais, os estudantes têm contato com diferentes fundamentos, como os científicos e tecnológicos da robótica ainda nas séries fundamentais. A grade curricular prioriza o ensino em STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) como uma verdadeira estratégia de incentivo ao aprendizado integrado.
No Brasil, o método ainda dá os seus primeiros passos. Nossas escolas precisam revisar com urgência suas metodologias, pois só assim poderão adotar programas de aprendizagem multidisciplinares, baseada em projetos focados especialmente no ensino científico.
No Reino Unido, nove entre dez organizações contratam profissionais das áreas STEM. As habilidades numéricas, analíticas e críticas conquistadas pelos estudantes britânicos funcionam como um verdadeiro diferencial na briga por vagas nos setores de finanças e negócios, graças ao raciocínio lógico voltado à solução de problemas e à capacidade analítica aplicada. Os Estados Unidos, por sua vez, criarão cerca de 2,1 milhões de novos empregos na área STEM até 2020.
O grande problema é que, na maioria das vezes, o modelo de ensino nos demais países é qualquer coisa menos interdisciplinar. Nas escolas, os conteúdos são agrupados e limitados, tornando a compreensão teórica e não prática. A conexão entre disciplinas, diferencial do STEM, fica distante do aluno, que não é capaz de entender a aplicabilidade real da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática no cotidiano.
A aprendizagem interdisciplinar, de acordo com pesquisadores, não apenas evita a dissociação do conhecimento, mas cria “pensadores de ordem superior”, que podem trazer uma abordagem holística e analítica para problemas complexos. Em vez disso, criam-se cidadãos sem o principal: a capacidade de se adaptar às mudanças, mesmo quando o mercado clama por trabalhadores que sejam capazes de pensar e trabalhar em diversas disciplinas.
Os alunos que se adaptarem melhor e mais rápido sairão na frente. Isso significa que eles precisarão se tornar aprendizes ao longo da vida e cabe aos educadores inflamar sua curiosidade ao ensiná-los a explorar a interseção entre diferentes matérias e disciplinas.
O desafio é grande, mas já estamos dando os passos iniciais para que o ensino esteja alinhado ao futuro e principalmente às necessidades reais e desejadas dos jovens. Basta incluir todos os interessados e iniciar a discussão em torno do assunto.
(*) Sérgio Freire é head comercial da MCassab, distribuidora da LEGO® Education no Brasil.