Bolsominions e esquerdopatas : duas febres de uma mesma doença
Há quem diga que não se trata de mera coincidência que os dois países mais ricos em petróleo (Venezuela e Brasil) da América “pobre” do Sul estejam há anos patinando em uma crise política marcada pela polarização de ideias entre seu povo.
Na Venezuela, chavistas e anti-chavistas arrastam multidões e mobilizam forças pró e anti governo Maduro. No Brasil, direita e esquerda (será ?) duelam a cada minuto brandindo palavras de ordem e chavões.
Ambos os países poderiam estar nadando de braçadas em águas tranquilas rumo ao desenvolvimento social e econômico acelerado, não fosse o impasse político dentro do qual estão metidos.
Não descarto a tese de que isto possa ter sido plantado ou estimulado por forças externas interessadas em puxar ao máximo o freio de mão dos dois países dotados de fartura de petróleo. É o jogo da geopolítica mundial movimentando peças dentro da lógica amoral do poder.
O fato é que, independentemente da causa seminal destas (coincidentes ?) crises políticas, cada qual com seus ingredientes específicos, no Brasil temos duas categorias de militância radical e fanática opostas pelos extremos mas idênticas em sua essência. São os bolsominions e os esquerdopatas.
Duas categorias sociológicas que se aproximam pela imensa capacidade de relativizar os meios para se alcançar os fins. Odeiam a complexidade e se apegam a frases feitas e sentenças prontas. Não cansam de promover suas causas como se fosse invencível a razão que as ampara.
Não admitem contestação porque escudam-se em dogmas imperecíveis, recusando-se a compartilhar, interagir ou estabelecer qualquer tipo de relação construtiva no plano intelectual como se corressem risco de morte se suas teses forem irremediavelmente refutadas pelo interlocutor.
E como se comportam para não correrem o risco de ver ruir suas teses? Paradoxalmente, defendem-se com o ódio. Sim, o ódio desesperado, ansioso e afobado. Um ódio cheio de medo. Ódio assombrado pelo receio da verdade que se insinua em qualquer discussão menos rasa.
São febres da mesma doença e por isso precisam ser enfrentados pelos que defendem a democracia. Não podem e não devem ser censurados. Suas manifestações permitem identificá-los para mensurar o grau de paroxismo das suas pretensões.
Destaco, por fim, que o radicalismo fanático de esquerda e de direita devem ser enfrentados pelos democratas que apostam no diálogo civilizado e no debate respeitoso. Na arena das forças políticas, a coragem democrática deve prevalecer sobre o ódio extremista.
(*) Fábio Trad é deputado federal por Mato Grosso do Sul.
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